6.6.05

Dia D

Segunda-feira sempre é meu Dia D. A expectativa me invade na noite de domingo. Será que a empregada virá? Não veio. A filha adoeceu. Minha filha também, mas eu moro perto do trabalho, então dá pra ficar fora por metade do dia, esperar meu filho chegar do colégio e, aí então, depois de deixar almoço encaminhado, roupas na máquina de lavar, distribuir recomendações ("Não abram a porta para ninguém, escovem os dentes, lavem a louça, troquem a comida dos bichos, qualquer coisa, me liguem"), sair para enfrentar a labuta que me rende níqueis.
Níqueis que não se mantêm por muito tempo na conta bancária, já que preciso pagar cartões de crédito em atraso, telefone em atraso, condomínio também em atraso, sem contar as demais contas adiantadas.
Antigamente, na minha infância e adolescência, Dia D era o aniversário de uma amiga do colégio que minha mãe detestava, porque tinha pais em eterno processo de separação e foi a primeira menina a dizer que não se casaria virgem, que achava virgindade uma bobagem. Tínhamos doze anos, ficávamos espantadíssimas ouvindo tais declarações, mas poucos anos depois entendemos que os casamentos de nossos pais seriam os últimos duradouros, que nenhuma permaneceria virgem até o altar e que nossas mães não precisavam saber de toda a nossa vida. A amizade com essa menina se perdeu na história. Ela saiu do colégio, perdemos totalmente o contato uma com a outra. Não sei se também sou um personagem de sua vida.

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