4.8.05

Aqui e na China


Voltei à fase de leitora ávida, que percorre páginas incessantemente. Em quatro dias devorei a "Noite do Oráculo" e "As Boas Mulheres da China", este, lutando com uma tradução modorrenta (também foi feita sobre a tradução do chinês pro inglês. Então, ficou sem graça, pueril).
Agora, me debruço sobre "Esforços do Afeto", crônicas e contos de Elizabeth Bishop. Comprei o livro em 1996 e nunca o abri. Grata surpresa ao fazê-lo quase 10 anos depois.
A vantagem de ser ex-compulsiva na compra de livros e estar atualmente sem recursos para passar por perto de uma livraria é que tenho pelo menos uns 100 volumes a serem desbravados, sem contar com os que já tiveram duas ou três páginas lidas e foram depositados na mesinha de cabeceira.
Voltando às chinesas, tive idéia de tentar um livro semelhante aqui, coletando diversos relatos entre nossas mulheres. Faltaria um tema. A desesperança, a violência, a vida moderna. Na China, essas mulheres viveram o horror da Revolução Cultural, foram aniquiladas, estupradas, escravizadas, separadas das famílias. Aqui, há mulheres que deixam a família para trás, como minha empregada, Vanúzia, que saiu da Bahia dez anos atrás e só encontrou os dois filhos em duas ocasiões nesse período. A forma que encontrou para sustentar os filhos foi vir para o Sudeste. Quantas moças que engravidam para conquistar respeito em suas comunidades? Quantas mulheres que dão duro para evitar que os filhos se envolvam com o tráfico? Quantas mães que perderam os filhos para a violência?
Desgraça por desgraça, acho que o mundo inteiro tem. Cultura machista também. Incesto e abuso de menores, idem. Tudo é muito parecido, seja aqui ou na China.

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