7.11.05

Pé de pato, mangalô três vezes!


O pé de arruda é para agradar a meus amigos crentes no poder desses talismãs. Tenho três amigos tranqüilamente materialistas. Só. Os demais, sem exceção, professam as mais diversas fés. Boa parte deles é espírita. Alguns são macumbeiros mesmo, mas agora se diz espiritualista. Há poucos católicos, uma taoísta, um reikiano, uma xamãnica. Bem, todos esses meus amigos acham que devo acreditar em divindades de qualquer maneira, o que não consigo assim tão facilmente, não. Para eles, tá aqui meu pé de arruda virtual, que tem a vantagem de não soltar aquele perfume enjoativo das folhas na vida real. Ele deve levantar os maus fluidos que cercaram minha última incursão profissional na véspera de iniciar a próxima.
Afinal, o dia foi bem esquisito. O abre e fecha do tempo impede que a gente se desloque até a praia. Então, dormi até tarde, levantei da cama ao meio-dia fui abastecer no posto da esquina de casa, mas, como sempre, demoraram a me atender, desisti e fui para o asfalto apenas a tempo de ficar presa no sinal, enquanto um carro entrava no meu lugar e era imediatamente abastecido. Segui para outro posto, na Lagoa, aonde esperava tirar dinheiro no caixa eletrônico. Um, do Itaú, fora removido. O outro, do Banco 24 horas, estava com defeito. Segui, então para pegar Hugo na casa de um amigo, em Laranjeiras, e, de láe fui pro supermercado para compras de emergência, que iriam incluir guloseimas se eu não descobrisse que saíra apenas com um pouquinho de dinheiro e nenhum cartão eletrônico. Desisti. Comprei apenas comida para as gatas.
Em casa, continuou a azáfama de menininhas iniciada no sábado, quando Júlia e suas amigas se preparavam para uma festa à fantasia. Hugo ia de Hades, o Deus da Morte, mas acabou desistindo e se vestindo de ninja (calça e camiseta preta, capuz preto). Júlia caprichou e montou asas de algodão em armação de papelão, com haste para segurar uma auréola. Era um anjo. Outra amiga foi de diaba. As demais, de bruxinhas. Logicamente, hoje todas vieram para cá à tarde e ficaram para dormir. O único momento realmente lamentável do dia foi quando o agaporne macho saiu da gaiola e, enquanto tentávamos atraí-lo novamente para a gaiola, voou janelão da sala afora. Vai morrer, mas em liberdade. Tenho que comprar outro macho para acompanhar a fêmea, que choca três ovinhos. Algo me diz que será mais uma ninhada a perecer.
Fora isso, uma tarde movimentada, com meninas correndo pelo apartamento, dando risinhos irritantes, enquanto Hugo permanecia no computador sem dar importância aos sorrisos marotos que elas soltam quando próximas a ele. Júlia declara que sempre quer morar na São Clemente, pois está próxima das amigas, inclusive uma que vive num apart-hotel em frente, onde elas tomam banho de piscina noturno.
Meus amigos que me desculpem e fiquem com a arruda. Para mim, não há talismã melhor que gente e risos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Será que arruda virtual ajuda mesmo?

BelowGrade disse...

Bingo, minha amiga!
Parodiando mano Caê... "gente não tendo gente nada se viu.."

Quanto a arrudinha:
Náo tolero o cheiro dessa planta. Venho de uma longa linhagem de espiritas e todo mundo tem em casa a miscelânea de plantinhas mágicas...
Cesta básica: arruda, guiné, comigo-ninguem-pode, e espada de são jorge. Ah... e os olhos de cabra contra mau olhado!

Quanto a fé numa divindade:
Eu perdi a minha faz um tempo, as vezes me faz tanta falta que pego carona na dos outros, mas sem a menor verdade interior.
Perdi e não faço a menor idéia de onde começar a procurar.

Talver querer ter fé seja ter fé na existência da fé e em seus poderes anestésicos...

Olga de Mello disse...

Sonia, acho que a arruda virtual tranqüilizaria meus amigos, que me veriam protegida dos maus fluidos que eles acreditam estarem prontos a assombrar os incautos. Como Cintia, detesto o aroma da arruda. Além de detestar crendices. Como falei para uma amiga, se em Deus, que é uma coisa séria, não acredito, imagina nas demais bobagens...