27.3.06

My little town

Assim era o Rio ontem de manhã. Esta é a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, considerada a rua mais melancólica do mundo por um urbanista estrangeiro em visita à cidade, me contava minha mãe. Por que tão triste? Porque estava entre o mar e as montanhas e dela não se vê nada disso, só os tapumes de concreto.
Minha mãe trabalhava numa agência da Caixa na Nossa Senhora de Copacabana (a segunda em movimento no País, como os funcionários costumavam informar, estufando o peito de orgulho). Então, eu costumava pegar um ônibus na Visconde de Pirajá e seguir até Copacabana para encontrar Mamãe e irmos a médico no fim do expediente. Depois, fiz datilografia no Senac de Copacabana, mais tarde, um curso de especialização em Inglês no Ibeu, no mesmo bairro. Copacabana era uma confusão, comparada a Ipanema de então: movimento intenso, comércio, camelôs (poucos) nas esquinas, gente por todo o lado. No ônibus, eu procurava divisar o mar, sempre que passava por alguma esquina que levasse até a praia. Mas o mar era muito distante, já havia o calçadão, o que o deixava longe até quando se passava pela Avenida Atlântica.
Ontem, o mar chegou à Nossa Senhora de Copacabana.
(O título deste texto vem de uma canção que de Simon e Garfunkel, que eles gravaram em 1975. Seria usada na abertura de meu filme imaginário sobre o Rio de Janeiro, que começaria com a viagem de ônibus entre Ipanema e Copacabana, mostrando as tentativas de vislumbrar o mar por uma passageira. Devanear sempre foi um hobby que cultivo até hoje).

3 comentários:

Anônimo disse...

Olga, parece que a TV Globo prepara uma novela toda passada em Copacabana. Essa idéia da passageira do ônibus querendo ver o mar é ótima. Ofereça-se como roteirista, escritora. Acho que é novela do Aguinaldo, se não me engano.
beijos

Anônimo disse...

Adoro Copacabana. Tudo está aí do pior ao melhor, em todas as esferas e nuances, todos os tipos humanos, todas as misérias e grandezas e belezas e horror. Todos os cheiros, todos! Todos os romances poderiam ser escritos sem sair daí. Escolhi morar aí depois de peregrinar por tantos lugares.

Anônimo disse...

Adorei a história de tentar avistar do ônibus o mar? Acho a N. Sra. de Copacabana muito melancólica mesmo - aos domingos é triste de doer. Mas lembro-me (afinal tenho 68 anos) de uma Copacabana em que ainda havia muitas casas. Uma amiga minha morava em frente à Galeria Alaska, numa casa com quadra de vôlei, imagine, e dava festas juninas com fogueira no quintal. Em plena N. S. de Copa!! Felizmente moro na fronteira, aqui no Arpoador, e belas paisagens não me faltam.