
Minha mãe trabalhava numa agência da Caixa na Nossa Senhora de Copacabana (a segunda em movimento no País, como os funcionários costumavam informar, estufando o peito de orgulho). Então, eu costumava pegar um ônibus na Visconde de Pirajá e seguir até Copacabana para encontrar Mamãe e irmos a médico no fim do expediente. Depois, fiz datilografia no Senac de Copacabana, mais tarde, um curso de especialização em Inglês no Ibeu, no mesmo bairro. Copacabana era uma confusão, comparada a Ipanema de então: movimento intenso, comércio, camelôs (poucos) nas esquinas, gente por todo o lado. No ônibus, eu procurava divisar o mar, sempre que passava por alguma esquina que levasse até a praia. Mas o mar era muito distante, já havia o calçadão, o que o deixava longe até quando se passava pela Avenida Atlântica.
Ontem, o mar chegou à Nossa Senhora de Copacabana.
(O título deste texto vem de uma canção que de Simon e Garfunkel, que eles gravaram em 1975. Seria usada na abertura de meu filme imaginário sobre o Rio de Janeiro, que começaria com a viagem de ônibus entre Ipanema e Copacabana, mostrando as tentativas de vislumbrar o mar por uma passageira. Devanear sempre foi um hobby que cultivo até hoje).
3 comentários:
Olga, parece que a TV Globo prepara uma novela toda passada em Copacabana. Essa idéia da passageira do ônibus querendo ver o mar é ótima. Ofereça-se como roteirista, escritora. Acho que é novela do Aguinaldo, se não me engano.
beijos
Adoro Copacabana. Tudo está aí do pior ao melhor, em todas as esferas e nuances, todos os tipos humanos, todas as misérias e grandezas e belezas e horror. Todos os cheiros, todos! Todos os romances poderiam ser escritos sem sair daí. Escolhi morar aí depois de peregrinar por tantos lugares.
Adorei a história de tentar avistar do ônibus o mar? Acho a N. Sra. de Copacabana muito melancólica mesmo - aos domingos é triste de doer. Mas lembro-me (afinal tenho 68 anos) de uma Copacabana em que ainda havia muitas casas. Uma amiga minha morava em frente à Galeria Alaska, numa casa com quadra de vôlei, imagine, e dava festas juninas com fogueira no quintal. Em plena N. S. de Copa!! Felizmente moro na fronteira, aqui no Arpoador, e belas paisagens não me faltam.
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