26.6.06

Sobre gênios efêmeros


Como qualquer ser humano acima dos 40 anos, uso a tecnologia rezando para que tudo dê certo. Sei manusear computadores pessoais há pelo menos vinte anos, o que, no Brasil, não é tão comum. Lembro-me que o primeiro notebook que conheci era do Tom Flannigan, que vinha conhecer nossas belezas, em 1983. Seu pit stop era em minha casa, onde aferrolhei seu notebook, que ele pretendia carregar Amazônia adentro. Tolinho, coitado! Dois anos depois, O Globo informatizava a redação. Uma festa! Tinha escala de treinamento para aprender a mexer no sistema operacional, cursinho de uma semana, com dispensa de trabalho. Em tempos ancestrais, um repórter podia até ficar cinco dias de bobeira aprendendo a usar maquinário novo.
Computador em casa só fui ter em 1988, um valente 286, tela preta e branca. Mas ainda não me tornara dependente, o que só aconteceu comigo e com a maioria da humanidade após o advento da Internet, claro. Estou em meu segundo e combalido Pentium, que utilizo todos os dias religiosamente para trabalhar e/ou me comunicar com o mundo inteiro. Continuo sem compreender quase nada de tecnologia, fazendo a mais absoluta questão de utilizá-la intuitivamente. Sou daquelas pessoas que ignora solenemente o manual de instruções, embora aposte que pelo menos três de meus amigos mais chegados só mexam em alguma aparelhagem depois de entenderem como instalarão o fio terra - se é que ainda se usa fio terra! Recentemente descobri que os automóveis não dispõem mais de afogadores. É verdade que utilizo um carro adolescente, minha valente Elba verde, que retomou seu apelido de "Abatida" ano passado, quando sofremos uma colisão na Avenida Brasil. Como não há recursos para o conserto, dez meses depois, o carrinho, que completará 15 anos de serviços constantes em 13 de agosto, tem uma porta avariada. O estado é vergonhoso, porém, como continua funcionando (agora também sem silencioso, o que, convenhamos, torna um suplício vexaminoso passar com ele por qualquer lugar da cidade), a gente vai levando.
Pois bem, hoje descobri que sou um gênio em aproveitamento tecnológico. Acabo de ler uma dica na coluna da Elis Monteiro do Globo. Diz ela dos problemas que uma pessoa teve ao perder todo o seu back up de fotos de família por armazenamento incorreto de DVDs. E conclui que, além de ter cinco ou seis back ups em espaços diferentes (no PC, em outro PC, diversas cópias em CD), vale a pena gravar seus arquivos na rede, ora. Algo que eu já faço há algum tempo e que todos os meus amigos tecnologicamente superiores dizem "Sim, é uma possibilidade", como se fosse totalmente natural que isso acontecesse, com aquele ar meio surpreso, mas com o olhar de "como é que eu não pensei nisso antes", igual a de homens que ouvem um comentário pertinente a respeito de futebol pronunciado por uma mulher.
Gravar arquivos na rede é uma saída tão banal que o Google vai criar um armazenador de dados pessoais! Idéia que me veio quando perdi minha primeira agenda eletrônica e descobri que o melhor jeito de garantir minha lista de telefones era ter diversos caderninhos com todos os números necessários. Uma forma anacrônica de guardar os "contatos", porque nessa vida contemporânea ninguém mais tem telefone e endereço, mas algo muito maior, que exige um uso de plural.
Gente do século passado, como eu, não vive do efêmero, mas até consegue se utilizar dele bem direitinho, né?

5 comentários:

Natu disse...

SALUDOS DESDE URUGUAY!!

Jôka P. disse...

Você é jornalista ? trabalhou na redação do Globo, Olga ?

Olga de Mello disse...

Sim, Jôka, trabalhei 10 anos no Globo como repórter e fui redatora no JB e no Dia. Depois, passei pro outro lado do balcão, fazendo assessoria de imprensa. Atualmente, voltei à reportagem como freela.

Jôka P. disse...

Que chique, marilú !
Parabéns e boas ...ótima sorte!
Bjs!

Jôka P. disse...

Meu email é:
jonaseduardo@openlink.com.br
Quando tiver um tempinho, poderia me mandar o seu ?
Valeu !
:)
Bj!