24.7.06

Fim de ciclo


Faxina de inverno: cato bonecos de pelúcia que enfeitam o quarto de minha filha. Vão todos para a máquina de lavar. Quando criança, minha mãe enchia a banheira com minhas bonecas a cada seis meses. Lavava todas e as pendurava no varal de roupas. Depois de secas, passavam por manicure e maquiagem, tendo unhas e lábios pintados com esmalte vermelho.
Pego também todos os livros infantis. Alguns são doados para outras crianças. A maioria, no entanto, vai ocupar agora o maleiro no alto do armário. Só serão folheados novamente e lidos daqui a uns 12 anos, quando novos bebês surgirem na família. Antes de serem guardados, os livros passam por seus antigos leitores. Recordamos histórias simples, como a venezuelana "A Cama de Mamãe", "Se as coisas fossem mães", de Sylvia Orthof, diversos de Ana Maria Machado, "Cabelinhos em Lugares Engraçados", de Babette Cole, "A Bruxa Salomé" (que tanto pavor causava em Oto), "O Rei Bigodeira" e "Os Meus Porquinhos", de Audrey Wood, a coleção da Bruxa Onilda, entre outros tantos. Fechamos aqueles volumes com lindas estampas. As estantes agora ostentarão livros que ostentarão uma solitária estampa na capa.
Há dois anos, lamentei a última vez em que fomos a uma peça de teatro infantil. Foi tão aborrecido para as crianças que compreendi que não voltaríamos a um "teatrinho". Agora, a faxina encerrou definitivamente a infância de minhas crianças.

2 comentários:

Jôka P. disse...

Na infância eu lia o Thesouro da Juventude, coleção que herdei de minha mãe, assim como todo Monteiro Lobato e Os desastres de Sofia, As Férias e outros da Condessa de Ségur.
Hoje em dia não leio nem revista Caras.
Não leio nada que tenha pouco mais que 10 linhas.
Perdi totalmente a paciência para a leitura de qualquer coisa além do Globo e algumas bulas de remédios.
Blogs de escritoras, só o seu e Marina W.
E olhe lá.

Seu texto é bacanérrimo.

Bj!

Olga de Mello disse...

Jôka, eu li isso tudo e mais um pouco. O Thesouro herdei de um primo mais velho. Condessa de Ségur era uma paixão - tenho até hoje. Meus filhos não se interessaram por esta literatura datada, embora os enredos sejam atuais. O vocabulário caiu em desuso.
Bem, nem precisa dizer que sou uma leitora compulsiva, né?
Leio de tudo, escrevo um pouquinho, mas não passo muito tempo sem um livro na mão.
Também acho uma delícia a Marina W.
E a Av. Copacabana, claro!
Beijo!