22.8.06

Viver da escrita


Algum tempo atrás conversei com o escritor Paulo Lins que usou uma expressão linda para falar sobre o ofício de quem escreve: "viver da escrita". Ele não estava falando do escritor como concebemos a palavra ao nos depararmos com ela, que significa, para a maioria das pessoas, romancista, literato. Referia-se, sim, a tudo o que se faz quando se escreve: livros, artigos, roteiros.
No Brasil há uma distinção básica entre escritor (alguém que é dono de seu tempo, sem patrão fixo, que produz textos atemporais, publicáveis em livros que atravessarão meses) e jornalista (um ser vinculado a emprego, que cumpre horários acima do recomendável pela legislação trabalhista, autor de textos efêmeros, que se esgotam em, no máximo, uma semana). Quando o jornalista alcança o estágio de escritor, acaba tornando-se biógrafo ou ensaísta, relator de fatos, um seguidor do new journalism.
Estou muito distante deste patamar, claro, mas, há um ano vivo da escrita, entre resenhas de livros, textos para editoras, matérias para jornais e revistas. Mesmo que eu sempre seja mais repórter do que analista e que possa, eventualmente, tocar nos fatos com o calor de uma ficção, tentando entrelaçar gotas de poesia à realidade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Bonita expressão, sim, viver da escrita. Mas, que pena, não é a relidade de quem escreve livros. Então a gente tenta viver da escrita de outras formas, fazendo revisão, tradução, edição de texto e ghost-writing.

Anônimo disse...

eu queri tanto viver da escrita..sonho com isso, mas acho que nao vai dar...

Olga de Mello disse...

A expressão é linda, mas a realidade é dura mesmo. Estou doidinha atrás de um emprego chato que pague contas e me tire do limbo financeiro. Sei que serei infeliz, mas respirarei melhor...
beijo a ambas!