26.2.07

Em Botafogo, 16h de um sábado ensolarado

O menino é abordado por um rapaz de bicicleta que lhe pergunta se conhece alguma oficina onde possa consertar pedais. Quando o menino diz que só sabe de uma loja atrás do Rio Sul, o ciclista se identifica:
- Meu nome é Rodrigo. Como você foi muito educado, não vou botar uma arma em sua cara. Passa discretamente o celular e o dinheiro, tô precisando de 250 reais, meu primo foi baleado.
- Ih, cara, não tenho celular e se eu tivesse 250 reais, não ia andar com ele no bolso. Tenho só R$ 2 aqui ...
- Ah, então deixa, que você pode precisar dessa grana.

E zarpa com a bicicleta.


- Fragmentos do discurso invertido: o ladrão, magnânimo, explica que não causará constrangimento ao assaltado, pois gostou da gentileza da vítima; informa ainda o montante necessário e a razão de praticar um crime; confia na palavra da vítima, que demonstra sinceridade ao esclarecer que não tem celular nem grande quantia de dinheiro. O tom é de convencimento, não violento.
- Este é o segundo assalto não concretizado do qual meu filho é vítima. No anterior, por estar de uniforme de escola pública, foi dispensado pela dupla de pivetes, enquanto um dizia para o outro: "Se ele tivesse grana não estaria em escola pública".
- O assaltante não sai de seu conforto por pouca porcaria. Como qualquer profissional autônomo, não quer saber de ter trabalho por alguns trocados apenas(uma amiga minha, numa abordagem dessas, foi instruída pelo ladrão a dar "nota grande").
- São Dimas deve estar protegendo os cariocas.

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