23.4.07

Drama da vida real

Toca o telefone, ligação a cobrar.
Do outro lado, uma voz lamurienta: "Mãe, mãe, é seu filho, fui assaltado, estou machucado".
Raciocino: "É golpe. Meus filhos estão sob meus olhos". E pergunto: "Qual filho?"
Outra voz começa: "Senhora, se você tem apreço pela vida de seu filho...".
Atalho, rapidamente: "Moço, não tenho filhos".
O telefonema acaba ali. O alvo da extorsão reagiu, o bandido desliga.
Fico parada por segundos, o coração descompassado, pensando que sou apenas um número escolhido aleatoriamente.
Bloqueio o telefone para chamadas a cobrar. Já havia feito isso uma vez, depois desbloqueei.
Hoje, conversei com bandidos.
Bandidinhos, como muitos diriam.
Sem coragem para assaltar na rua.
Sem piedade, sem coração. Assustam qualquer um.
Uma mulher em São Paulo levou a conversa ao fim, marcou um ponto de encontro para entregar o dinheiro do "resgate". A quadrilha foi presa pelos policiais, avisados pela vítima.
Não sou intrépida a tal ponto.
O que levou o ser humano a tanto desprezo pelos demais?

5 comentários:

Jôka P. disse...

Mas, Olga, isso já tá tão manjado !!! Perái !!!
Será que alguém ainda cai nesse golpe ? Só se for muito babaca...
Nananinanão !!!!
bj!

Olga de Mello disse...

Não é questão de cair ou não no golpe, Jôka. É a de se sentir-se invadido, violentado dentro de sua própria casa.
bj

Eduardo Graca disse...

Minha amiga Yone caiu no golpe. Ela tem 70 anos. O filho estava trabalhando. A voz parecia a dele. Ela foi parar no hospital. Inacreditável que as pessoas justifiquem este tipo de golpe com o 'mas esta é tão velha!'. A gente não se emenda, mesmo, minha amiga!
Saudades

Olga de Mello disse...

Amore, acho que quando a gente vê assim como um golpe velho é a forma que temos de nos defendermos contra tanta indignidade que nos acomete. No Rio, estamos aprendendo a ficar cascudos, infelizmente, por causa dessas desgraças.
Saudades

Kristal disse...

Quando me ligaram dei um esculacho no malandro... fui bem baixa, peguei pesado, chamei de macaco:
- Seu macaco,não tem mãe não, é ?

O símio desligou passado.