10.6.07

Trecho da novela que um dia sai


Definitivamente, resfriada. Olhos doloridos, lacrimosos da noite passada perdida, beijos tão insípidos que não se ampliaram em toques e (re)conhecimentos de terrenos fáceis de percorrer.
Caixas se empilham na estante, copos se enfileiram por semanas, é preciso trabalhar e jamais abandonar o home office seguro onde embalagens de azeite em miniatura se escondem atrás de calendários.
Não há sentido na prateleira que acumula descongestionantes nasais, fotografias alinhadas em porta-retratos que jamais compensam a ausência dos retratados, galinhas d'angola em barro pintado, um pequeno Buda sorridente, gordinho, uma fita dourada que veio em um presente e nunca será reaproveitada nem há de virar laço no pescoço da gata.
Farelos, cacos de indecisão e contas nunca acertadas com o passado que faz esquecer o aniversário da sogra, do cunhado, da irmã, que inveja dessa irmã que nunca passará dos 27 anos, que é livre aos 27 anos, sem marido, sem filho, sem sogra, como é chato ter família, como é vazia a vida sem família, menos a da irmã, que não tem tranqueira na estante nem na vida.

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