8.7.07

Parati para mim


Parati eu descobri este ano, por felizes contigências profissionais - edito, atualmente, uma revista turística que tem edições trimestrais baseadas em duas cidades apaixonantes: Búzios e Parati, ambas à beira-mar, como convém a uma praieira que nem eu. Ainda não me acostumei a botar "Y" em Paraty, o que alguns caiçaras querem e juram que é a forma correta (por que correta, se não há mais convenções que obriguem o uso de letras fora do alfabeto para grafar palavras estrangeiras? Ou se tais convenções são tênues e sempre desprezadas...), mas já aprendi a fingir naturalidade quando menciono um endereço nas Correntes, o nome local do Centro Histórico.
Caminhar naquelas ruas de pé-de-moleque é uma tortura que aos poucos torna-se tão eficaz quanto uma boa hora de musculação. Ao menos descobri músculos desconhecidos na região lombar. Tudo é bem remexido e duas semanas de Parati certamente me tornariam tão torneada quanto os molequinhos de Debret.
Desta vez, graças à superlotação da Flip, fiquei hospedada em Jabaquara, uma praia a cinco minutos de carro do Centro, numa pousada deliciosa, daquelas em que a dona senta-se ao nosso lado para conversar sobre a vida. O único defeito da Pousada Brasil era uma perereca descomunalmente grande que se instalou em cima da porta de entrada de meu quarto. Parecia uma instalação, mas era verdadeira. As meninas da pousada explicaram que a perereca era moradora local e que passeava por todo o hotel sem ser incomodada. Felizmente ela mudou seu posto por vontade própria, pois outras batráquias, segundo informaram, andaram procurando fugir do calor dentro de vasos sanitários, tendo protagonizado alguns ataques a partes pudendas de turistas hospedados no Centro Histórico.
A Flip, em si, é um evento interessantíssimo, porque os objetos da tietagem generalizada são escritores, aquelas figuras tradicionalmente reclusas. Alguns agem com bastante naturalidade, enquanto outros concedem interpretações do que seriam as figuras eruditas que procuram encarnar.O umbiguismo corre solto, a superficialidade é imensa. Jogar para a platéia é o esporte local.
É, talvez eu tenha a literatura como um prazer solitário.

2 comentários:

Kristal disse...
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Olga de Mello disse...

Ai... Fiz besteira, Kristal!!!!
Bem, Kristal havia escrito uma gentileza aqui e eu, no momento de responder, fiz alguma bobagem.
Anyway, thanks so much, dear.
beijo