30.10.07

Maternidade

Minha implicância com o funcionalismo público brasileiro é antiga. Venho de uma família de funcionários públicos ou militares, todos muito zelosos e trabalhadores, acostumados ao raciocínio lógico que muita gente abandona no momento em que passa num concurso.
Minha mãe, que deve ter servido de inspiração para a Monica, personagem de Friends com mania de arrumação, contava que foi cobrir férias de uma colega no antigo setor de Hipoteca da Caixa Econômica, onde trabalhava. Um chefe mostrou-lhe um armário abarrotado de processos e disse que ela fosse ordenando, tranqüilamente. Em dois dias, Mamãe despachou a processada toda para onde a papelada deveria ter sido encaminhada e... o chefe, apavorado, devolveu-a à seção original. Afinal, naquela época, a Hipoteca da CEF seguia um padrão de lerdeza e inoperância felizmente abandonado.
Hoje, tive meu momento de entrevero com o serviço público. Meu filho foi fazer a inscrição no vestibulinho do Pedro II e voltou desolado. A funcionária que atendia não aceitara o comprovante de pagamento da taxa de inscrição. Isso porque não havia autenticação mecânica do caixa, já que fizéramos o pagamento no caixa eletrônico que, espantosamente, imprime o número do boleto, aquela montoeira de algarismos, no comprovante.
Neste País, apenas as mães enfrentam funcionários públicos com a autoridade que a biologia concede.

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