30.7.08


Uma empresa paulista de televisão pela Internet distribuiu luvas de boxe aos empregados que não conseguem desgrudar de notebooks ou de celulares durante reuniões. Já existem estudos sobre essa compulsão. O que antes era absoluta falta de educação - a desatenção com o interlocutor - virou doença.
Já ouvi reclamações indignadas de pessoas que não me encontraram pelo celular quando eu estava no cinema. (Aliás, cinema com celular é tão normal atualmente que passa uma propaganda na TV mostrando um casal que atende ao telefone durante uma sessão - e continua conversando sobre um lançamento imobiliário, creio.) Dificilmente vou com celular para a praia, desligo em cinema e teatro e realmente me esqueço de carregar o aparelhinho para todos os lugares. Já trabalhei em um lugar onde se levava celular ao banheiro.
É fácil reconhecer um viciado em celular/notebook. É aquela pessoa que mal sai do metrô já acomoda o aparelho no ouvido e dana a conversar. Ou quem está dividindo uma mesa no almoço, mas não participa da conversa dos demais, preferindo grudar no bichinho. No cinema, confere o visor a cada vinte minutos para saber se alguém o chamou.
Não tenho nada contra o celular, ao contrário. Só não vejo necessidade de sua utilização em sala de aula nem em bloco de Carnaval. Vivo em frente a telas de computador há exatos 23 anos. Dia de folga, para mim, é aquele em que não tenho como abrir um e-mail. Absolutamente consciente de minhas tendências compulsivas, decidi me livrar de alguns instrumentos de controle, em nome de minha privacidade. Eu sei que ninguém, em sã consciência, vai me telefonar às 2 da manhã por motivo profissional - a principal desculpa para se manter um celular ligado a madrugada inteira.
Mas agora que já se fala seriamente sobre os males que os aparelhinhos acarretam para a saúde, os viciados terão que fazer tratamento com patches eletrônicos para se livrarem da dependência.
Enquanto isso, vamos usar o celular para chamar o reboque quando o carro quebra, monitorar os passos dos filhos, que, certamente, desligam seus aparelhos ou fingem não ouvi-los para não dar satisfação sobre seu paradeiro. Porque continua sendo muito fácil escapar de nossos obsessores, por melhores as intenções que eles tenham.

4 comentários:

Milena Magalhães disse...

Olga, sabes que só agora, por conta das circunstâncias, é que vim ter um celular. Tenho horror a isto - que acabo de descobrir - já é uma doença! Não sei o que mais falta inventar para alimentar nossas compulsões... E tantos livros no mundo! Tanta gente bacana para conversar.

E eu vi Juno em uma tarde tão feliz... Acho que teria amado qualquer filme.

E pescoço tá melhorando. E obrigada pelo elogio do texto. É que a solidão tem me matado, mas em pé, sempre!

Um abraço.

Miguel Andrade disse...

O pior do celular no cinema é que eles não parecem nem se constranger. Atendem na boa... Um dos motivos para eu evitar ir no cinema é passar menos nervo! Rs Tenho uma amiga que parece que sua compulsão por celular piorou depois do Blackberry... Putz, qual a graça de continuar trabalhando em todas as horas do dia? Acessar o blog até no banheiro, checar comentários, etc? É de enlouquecer! A gente conversando e ela lá, com o dedo na bolinha, deslizando a tela! Muito chato!

Eduardo Graca disse...

menina, que celular que nada! mulher de peito esta, hein?

Olga de Mello disse...

E vc nem reconhece as fotos que bate, filhote? Lembra-se, eu e vc em Ibiza, vc me passou o celular e saiu me fotografando?