28.8.08

Trash Lady

Cheguei à provecta idade em que posso confessar breguices sem o menor temor. Às vésperas dos 48 do primeiro tempo (sim, porque não há jogo atualmente que não tenha desconto de três minutos, dados por juízes que erram em tudo quanto é marcação; acabaram os 90 minutos de jogo. Agora, são 96), eu jamais havia assistido a um programa que sempre me indicaram como o supra-sumo do trash - Superpop, apresentado por Luciana Gimenez.
Na noite paulistana, antes de adormecer, zapeando a TV do hotel, minhas alternativas - além de competições empolgantes de badminton - eram Luciana e seu programa ou a TV japonesa (que é muito divertida. A gente não entende nada, mas a japonada ri um bocada, até de um estranho programa sobre tráfego. Eles são muito simpáticos e se divertem pacas).
Então, assisti um pouco do que vi de mais bizarro na TV brasileira até hoje. Luciana entrevistava uma moça que tem o apelido de Boing-Boing, devido ao tamanho de seu busto. Ela foi uma cover de Pamela Anderson em um programa da MTV e hoje disputa com outra senhorita o título de seios mais avantajados do Brasil. Nenhuma das duas têm seios desenvolvidos pela própria natureza. Uma usa silicone (Boing-Boing), a outra umas próteses de água e sal (aprendi muito sobre cirurgia plástica). O impacto visual causado por ambas é um atentado ao bom gosto. Nem Fellini conseguiu mulheres tão avantajadas quanto ambas. Além de falarem mal uma da outra, elas posam nuas e têm dificuldades ou total impossibilidade para dormir de bruços. Isso porque as próteses não são gordura, o material que habitualmente reveste as glândulas mamárias. São uns travesseirinhos duros de até três litros em cada seio.
Sinceramente, fiquei intrigada porque o resultado é horrível. Uma deve ter um busto 48, grande demais para seu corpo generosamente exposto pela primeira vez em uma revista de mulher pelada. A outra deve ter busto 60. É pavoroso.
Além das imagens chocantes, foi interessante perceber que Boing-Boing se expressava com desenvoltura, enquanto a outra era flagrantemente menos culta. Ambas mencionavam as carreiras e a dignidade pessoal de cada uma. E a pergunta que me perseguiu, antes que eu desligasse a TV e me embrenhasse na leitura do delicioso Magical Mystery Tours, era a que ponto chegou a indústria de subcelebridades no mundo.
Uma semana depois, sem a desculpa de estar na terra da garoa, mas confortavelmente disputando minha cama com dois gatos que acreditam que persistirão e vencerão a luta pelo inexpugnável território de meu quarto, chego ao canal do Superpop e presencio um encontro histórico: Luciana Gimenez e Narcisa Tamborindéguy. Como aquilo prometia ser uma exibição explícita de neurônios alucinados, me animei a assistir. Desta vez, desisti antes de obter qualquer informação interessante sobre a presença de Narcisa no programa. A platéia gritava extasiada "Ai, que loucura!", Narcisa se acabava de rir, Luciana dava sorrisos magnânimos e eu não entendi absolutamente NADA.
Aí, o Hugo entrou no quarto, Júlia tocou a gataiada pra fora e eu achei que não pegava bem ver porcaria na frente dos filhos.

5 comentários:

Jôka P. disse...

OLGA, vejo o Superpop há anos !
No começo era apresentado pela Adriane Galisteu, depois veio a Luciana Gimenez.
Passo lá todos os dias (ou melhor, todas as noites), nem que seja só pra ver quem é a vadia que ela está entrevistando.
ADORO esse freakshow, um espetáculo escandaloso de putaria, povoado por travestís chantagistas, prostitutas literatas, michés superdotados e as mais encantadoras atrizes pornôs.
A Sabrina Boing-Boing é uma assídua, assim como Renata Banhara, uma mulher que bateu records de piranhagem e já foi espancada diversas vezes por cantores caipiras e pagodeiros.
Outro dia uma mulher tinha ficado com a boca desfigurada por um acidente doméstico (o fogão estourou, acho) e foi dar entrevista porque fez uma cirurgia plástica em que substituiu os antigos lábios por um enxerto feito com os próprios lábios vaginais. O tema da vaginoplastia é bastante recorrente no Superpop. Uma "modelo-e-manequim" beeeem safadona fez duas, uma para embelezar a periquita e a segunda para restaurar o hímem.
Mil vezes melhor que a Hebe, né, Olga ?!

Olga de Mello disse...

Eu sabia que vc era espectador do Superpop, Jôka. Pressentia isso...(rs). Então os convidados são sempre os mesmos? Não tinha idéia que o programa fosse tão baixo nível assim. O mais interessante é que La Gimenez mantém o semblante inexpressivo o tempo todo!!!! Ai, que loucura!

Eduardo Graca disse...

Nunca vi o Superpop (o Brooklyn me protege destas coisas) mas a primeira vez em que presenciei a Gimenez foi justamente na casa da Narcisa. Era um Reveillon pré-mIck Jagger e eu cobria para o JB. Ela e o irmão foram gentilíssimos comigo e ficamos conversando por horas a fio no sofá da sala de Narcisa. Pena eu não ter gravado esta conversa! Olga, do que será que falávamos por horas a fio?

Olga de Mello disse...

Loucura, loucura, Edu. Sem a menor dúvida...

Impressionante é a cara da Gimenez, parece o Shwazzenegger (ai, Jesus, não sei escrever isso, não...) em Terminator...

Miguel Andrade disse...

Olga! Superpop é irresistível mesmo... Memorável. Lamento não poder gravar pra posteridade como eu fiz com muita coisa na época do VHS.