4.12.08

Juventude


Que delícia é compreender a alma masculina através de Juventude, de Domingos de Oliveira, o mais truffautiano/woodyalleano de nossos cineastas. Porque a alma feminina, vamos lá, quem não conhece? Mulher se abre, se mostra, se fala, se toca. Homem cresce calado.
E continua menino, olhos que brilham com um carro espetacular, ainda que emprestado.
No filme, três senhores no início da velhice, ou da fase "está tudo ótimo" da vida, se encontram na casa de um deles, que é rico, em Petrópolis. Amigos de infância, montaram, no colégio, A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas. E dali, os três, vividos por Domingos, Aderbal Freire Filho e Paulo José (como é maravilhoso o Paulo José), refletem sobre as paixões viscerais, incluindo amantes, mulheres e filhos, enquanto ceiam, fantasiados de cardeais.


A gente se percebe velha quando reconhece figuras anacrônicas e obsoletas. Pois bem, eu li, em menina, A Ceia dos Cardeais, um clássico da dramaturgia portuguesa, que mostra o encontro de três cardeias, recordando os amores da juventude. O mais interessante: tenho a mesma cópia do livro que aparece no filme, uma edição lindamente ilustrada, que não consigo, logicamente, encontrar (sei que está guardado por trás de outros livros, mas tenho que descobrir em qual prateleira; cheguei à época em que é preciso acomodar fileiras de livros menos consultáveis por trás de outros, cuja visão é essencial para a respiração). E mesmo que a tivesse, não poderia escanear pra botar aqui, já que sou um ser tecnologicamente desprovido do que é indispensável para a modernidade.

2 comentários:

Miguel Andrade disse...

Olga, não vi ainda nada destes filmes mais novos dele. Mas agora deu muita vontade.

Olga de Mello disse...

Eu vi boa parte, como "Amores" e "Separações". Eram bons. Este foge do assunto principal do Domingos, a busca pelo amor eterno.