9.12.08

A memória dos homens

Como qualquer ser humano globalizado, gosto de futebol.
Como qualquer mulher, gosto o suficiente de futebol.
Como jornalista, tive a experiência de trabalhar com futebol, como redatora. Não há editoria mais divertida do que a de Esportes. Todo mundo adora aquilo e se empolga como se as partidas fossem jogos de meninos, românticas disputas acaloradas e não um negócio extremamente lucrativo por mexer com o imaginário masculino enquanto movimenta milhões. A mais pura prova de que só o público - e os jovens jogadores, em início de carreira - se apaixonam pelo belo jogo é a postura da Seleção brasileira na última Copa. Um bando de milionários, batendo uma bolinha sem o menor empenho.
Agora o que me encanta realmente no futebol é a memória afetiva que ele desperta, o amor que os homens nutrem por aqueles talentos, o fervor com que desfiam datas e se embrenham em discussões coléricas contra a péssima cobertura jornalística e o despreparo dos que entendem do assunto.
Essa magia, que poucas mulheres, por questões de determinismo biológico mesmo - afinal, quantos homens compreendem o fascínio que bolsas, sapatos, brincos, decoração e plantas exercem sobre o imaginário feminino - , conseguem compartilhar, talvez explique o desconhecimento histórico-social de tantos experts quanto ao jogo. Que é muito mais do que um jogo. É um bálsamo catártico, que amortece o estresse dos meninos, enquanto dá tempo às meninas para tomarem banhos ao sol e sonharem com férias, sapatos, bolsas, brincos e belezuras para enfeitar a vida.


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Tô com pena do Vasco. Que macumba boa fez o Eurico Miranda...

6 comentários:

Jôka P. disse...

Olga, nunca vi um jogo de futebol poir mais de 2 minutos, nem na Copa do mundo.
Aliás, nem de volley, nem de basket, nem de nada.
Só vejo natação, por motivos óbvios.
PS:
Depois, com mais calma, vou procurar saber o que é um bálsamo catártico.

Bjs!

Milena Magalhães disse...

Olga, eu tinha vindo aqui no "fim de ciclo" e me emocionado às tantas. E me vi na sua bagunça organizada! este negocio de acumular, acumular... e futebol? sim, sim, tem meninas que gostam. Eu ja gostei. Agora, estou na fase do sapatos e bolsas... Pior: na fase de armarios e maquinas de lavar! Ui!

Um beijo.

Olga de Mello disse...

Milena e Jôka, futebol a gente aprende a gostar, se os homens da casa assim quiserem.
E a bagunça na administração doméstica me enlouquece, sabiam?
beijo

AOS QUARENTA A MIL disse...

Olga ,
gosto de futebol e acompanho o campeonato brasileiro e carioca e por ser Botafoguense , sofro mais do que fico alegre, porém acho suficiente este dois campeonatos e fico impressionada com a forma que os meninos lidam com isso. Na minha casa são quatro homens, que variam de 02 a 44 anos todos enlouquecidos.
Bjs.

Anônimo disse...

Taí uma mulher sábia!

Olga de Mello disse...

Mônica, sou uma rubro-negra cercada por tricolores por quase todos os lados. Mas como já fui tricolor em criancinha, junto-me à torcida por vezes.
Sábia? Não, apenas sabida, RC...