16.12.08

Meus melhores livros do ano

Fim de ano é época de fazer listinhas. Retrospectos, projetos, a dos presentes de Natal (aquilo que você dá e nunca recebe na mesma quantidade, qualidade ou intensidade) ...
Eu adoro listinhas. Principalmente aquelas dos 100 melhores filmes de todos os tempos (o grosso é produção americana, mas aí até a gente tem que relevar, porque eles são os segundos grandes produtores de filmes; o duro é quando entram equívocos como Jerry Maguire ao lado de Charles Chaplin), os 100 discos indispensáveis na vida de qualquer ser contemporâneo (atenção, as únicas concessões à antigüidade neste quesito são Miles Davis e Billie Holliday; e qualquer Velha Guarda do Grêmio Recreativo Nhonhoco do Jongo autêntico, claro), os 100 grandes livros que a humanidade precisa ler (só tem literatura norte-americana, inglesa, Dostoievski pra não pegar mal, os franceses básicos, alguns filósofos metidos a besta, três alemães pesadões além de Thomas Mann, dois italianos, Gabo, representando a América Espanhola, Cervantes e, vez por outra, um Machado de Assis).
Como estou exausta de tanto trabalhar nesse finzinho de ano, resolvi me distrair criando minha listinha dos cinco melhores livros lidos este ano. Só cinco, pra não cansar ninguém. De teatro, não falo, pois labuto no setor e sou totalmente isenta. De cinema... nossa, acho que não vi NADA bom este ano. Nada que me enchesse os olhos, ouvidos e mente. Mas pelo menos cinco grandes livros eu li, eu sei. Uma listinha sem ordem, sem eira, ira ou beira.

1. O show do eu - A intimidade como espetáculo (Nova Fronteira) - A antropóloga Paula Sibilla escolheu a sociedade do espetáculo como tema de sua tese de doutorado em Comunicação na Universidade Federal Fluminenes. O livro é a tese reeditada para leigos, sem as amarras do texto acadêmico. Nele, Paula fala de diferentes aspectos da sociedade ocidental contemporânea, que não apenas tornou-se voyeur como criou uma nova exigência: todos precisam se exibir e marcar presença, mesmo sem uma produção consistente. Exemplo fácil: Maddona, uma persona muito maior do que a cantora, sua profissão original.

2. A Exceção (Intrínseca) - O thriller do dinamarquês Christian Jungersen trata da politicagem em um pequeno escritório de uma organização humanitária, revelando a mesquinharia que qualquer ser humano pode experimentar. Também explora um lado interessante do paraíso social nórdico e o egoísmo cultivado por gente que torna a solidariedade uma profissão.

3. Uma Breve História de Tratores em Ucraniano (Bertrand Brasil) - Os conflitos familiares - e legais - provocados pelo casamento de um ucraniano idoso com uma jovem conterrânea voluptuosa, que quer o conforto e uma permissão de residência na Inglaterra, contado pelo ponto de vista das duas filhas do velho viúvo. Tragicômico e previsível como a vida real, o romance da inglesa Marina Lewicka (descendente de ucranianos) aborda um tema tocante e banal com mordacidade e ternura.

4. A Casa do Califa - Um ano em Casablanca (Roça Nova) - Especialista em livros de viagem, o inglês (descendente de afegãos) Tahir Shah conta a epopéia de sua mudança para Casablanca com a família e a reforma do palacete que ele comprou, ao lado de uma favela. Além dos dissabores comuns em qualquer obra, eles precisam enfrentar empregados prá lá de pitorescos, respeitar o calendário religioso e contratar exorcistas para expulsar demônios da casa.

5. Roma S.A. (Rocco) - Sob o pseudônimo de Stanley Bing, o vice-presidente de Comunicação da CBS criou uma carreira paralela de comentarista de economia. Iconoclasta, ele conta a história de Roma através da visão do mundo corporativo, desde sua mítica criação por Rômulo e Remo, até sua reinvenção e permanência no domínio de um mercado bem maior do que as fronteiras físicas do mercado, quando transformou-se em sede da Igreja Católica.

Taí! Uma lista absolutamente OFF. Selecionei essse porque me vieram à memória recente. Mas é claro que posso me lembrar de muitos e muitos outros.

9 comentários:

dade amorim disse...

Muito bom, Olga.
Quero te desejar um Natal de alegrias e muitas outras no Ano Novo.

Beijo beijo

PS: O Umbigo não está funcionando, não sei por quê (coisas do provedor, que nem se mexe).
Outro beijo.

AOS QUARENTA A MIL disse...

Olga ,
também adoro listinhas pois me da a sensação que vou ficar organizada para o próximo ano , porém geralmente as perco tal a quantidade do coisas que tenho para fazer durante as poucas 24hs.
Anotei e tenho certeza lerei pelo menos um deles em 2009, pois estou aproveitando minhas férias para terminar os quatro últimos da lista de 2008.
Já te antecipo um Feliz Natal !!!!!!
Beijos.

Jôka P. disse...

Listas de The Bests são muito discutíveis porque cada um tem o seu gosto, né ! Eu não curyo Chaplin, nunca gostei, acho ínsuportável, mas até entendo quem ainda goste de ver filmes antigos, preto e brancos e mudos. Prefiro bife de fígado com chuchú.
Quanto a lista de livros, se li 5 livros em 10 anos foi muito.
Estou com fome, a base de rúcula e bife grelhado há 30 dias. Minhas taxas de colesterol e triglicerídeos já quase normalizaram, comprei jeans tamanho 40 em uma loja cara de ipanema e mesmo assim estou num tremendo mal humor.
GRRRRRR !!!!!
$##M&S*WZ@ !!!!!

Unknown disse...

Ah, Olguita, fiquei curiosa. Fala dos outros.

Olga de Mello disse...

Adelaide, saudades do Umbigo!
Mônica, estou amando suas visitas!
Jôka, eu terei que entrar na rúcula com bifinho logo, logo. No Carnaval, serei rainha da bateria. Até lá, muita água, muita ginástica, muito samba no pé.
Rosa, minha filha, vc apareceu!!!! Saudades imensas!

As Tertulías disse...

Como sempre um bom aprendizado passar por aqui... querida, voce é maravilhosa!
Posso também recomendar um livro? um pequeno trabalho filosófico do polones Ryszard Kapuscinski: O OUTRO (será que existe uma traducao para o portugues?????).
Beijo
Ricardo
P.S. Adorei TODOS os teus comentários... que felicidade voce me deu!!!!!

As Tertulías disse...

Ah... ja ía esquecendo: nao me lembro do "Riviera", aonde era????

Olga de Mello disse...

O Riviera era o antigo Cinema 2, que acabou virando Studio Copacabana. Nele, eu assisti, em priscas eras, metade de Errado pra Cachorro, com o Jerry Lewis. No meio da sessão o cinema pegou fogo e eu fui retirada de lá nos ombros da multidão. Ah, também vi "Help" lá.

bueno disse...

o único que eu lí foi a breve história dos tratores em uccaniano, que aliás é muito divertido. (único ainda tem acento?)