12.5.10

Trabalhinho preguiçoso


É, está difícil tomar o posto de Errol Flynn como Robin Hood...
Como bem é moda em Hollywood, a nova dobradinha de Russell Crowe e Ridley Scott traz uma nova versão para a lenda, com toda a carga politicamente correta exigida pelos novos tempos. Mesclando a ação - e takes - do Gladiador com a ambientação - felizmente, só isso - do tenebroso Cruzada, passando ainda por uma claríssima referência a Spielberg, Scott conseguiu armar um filme divertido e convencer com a subversão da lenda.
Russell Crowe até emagreceu para aparecer sem camisa numa cena que deveria ter carga erótica - mas não tem. Afinal, Ridley Scott prima por romances discretos e quase castos em sua filmografia. O roteiro amarra bem o que seria a pré-lenda, juntando um elenco de coadjuvantes de luxo, encabeçado por Max Von Sidow e William Hurt. A espetacular tentativa de desembarque em Dover por tropas francesas é evidente pastiche da invasão da Normandia que Spielberg montou em O Resgate do Soldado Ryan, com câmeras subaquáticas acompanhando a trajetória de flechas. Cate Blanchett faz uma Lady Marian valquirizada (mocinha contemporânea não foge de um campo de batalha, nem quando mais madura). Já o Xerife de Nottingham de Matthew Macfayden é inexpressivo e decorativo como o ator, que apresenta quase um Sargento Garcia de vozeirão potente. Emoldurado por belas paisagens e arrastando o discurso social anos-luz distante da Idade Média, a cereja do bolo é Russell Crowe repetindo o Maximus cansado de guerra, mas que não foge à luta que encarnou em Gladiador.
Não é por nada, não, mas Ridley Scott padece de uma preguiça quase macunaímica...

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