2.7.10

Para pais e filhas

Comédias adolescentes norte-americanas geralmente tratam apenas de imbecilidades generalizadas, a reafirmação de preconceitos (a divisão social em losers e winners, negros e brancos, espânicos e wasps, pobres e ricos, nerds e vadios, virgens e devassos) e reservam aos adultos os papéis de coadjuvantes paspalhões. Há exceções, claro, como Picardias Estudantis, Meninas Malvadas, Ferris Bueller e todos os filmes de John Hughes, mas há um limbo comum medíocre, reforçado na era pós American Pie.
O cinema francês, por outro lado, firma uma nova linguagem nos filmes para toda a família. Adolescentes e pais vivem conflitos, surgem situações ridículas nas quais os adultos se mostram mais perdidos que os jovens, porém os dois mundos co-existem. Há alguns anos, Gerard Depardieu fazia o pai divorciado da então menina e hoje namoradinha da América Katherine Heigl - repetindo o personagem que encarnara no filme original francês, Meu Pai, meu Herói.
Agora chegou a vez de Daniel Auteil ser o pai divorciado que vai tomar conta da filha com quem só convive nas férias. 15 anos e meio traz as bobagens de sempre do conflito de gerações. A diferença das produções americanas é que os dois lados são mostrados - a adolescente armadora, o pai patético, em busca da autoridade desmoralizada pelos dias de hoje. Dá num filme simpático e bem mais parecido com a vida real do que a pasteurização estereotipada que Hollywood prefere apresentar.

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