20.6.12

Para Roma, com amor

Adoro esse exílio de Nova York autoimposto por Woody Allen, que, primeiro, se encantou com Londres e fez, pelo menos, uma obra-prima - um Crime e Castigo britânico, em Match Point. A fantasia nostálgica Meia-noite em Paris lhe garantiu a maior bilheteria de toda a sua carreira e encantou plateias de todas as idades. Agora é a vez de recontar o Decamerão em Para Roma, com amor.
Não conheço nem Roma nem li o Decamerão - apenas vi o filme de Pasolini. Nas primeiras exibições, na Itália, alguns críticos reclamaram da visão romântica e turística com a qual Allen  conta quatro histórias paralelas, mesclando italianos e americanos. Para alguns jornalistas italianos, o momento de crise não comporta uma peça tão escapista. Provavelmente gostariam de peças mais neorealistas para combinar com os problemas financeiros que enfrentam.
Há momento para arte engajada, mas acho que esse nunca foi o forte de Woody Allen, que está perto de completar 80 anos e ainda demonstra uma vitalidade criativa encontrada em poucos artistas. A Roma que ele mostra é apaixonante para os jovens e vista com um certo ceticismo pelos personagens mais maduros. Novamente, ele ataca os pseudo-intelectuais, a absurda indústria das celebridades, a falta de talento de alguns vanguardistas e a psicanálise. Novamente escolheu uma trilha sonora repleta de clichês da canção italiana (Volare é o carro-chefe, mas haja Arriverdeci, Roma...). E novamente, fez uma gostosura de filme de verão.

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