10.8.12

Do canteiro - Dia 39

Os lamentos que aqui murmuro em relação à reforma da casa - reforma é um termo meio forte; estou apenas pintando, trocando lustres, pequenos acertos e restaurações absolutamente necessárias, após dez anos sem retoques - são minha arma contra o desespero pela imundice branca que se aloja sobre meus poros, pouco a pouco invadindo todo o meu ser.
O pintor da vez é muito desorganizado. Ataca a casa inteira ao mesmo tempo. Eu quis, desde o início que as obras seguissem etapas. Primeiro, cozinha e dependências de serviço. Depois, quartos. Depois, banheiros. Por último, sala e varandas. Até agora, estava assim. Mas seu Flávio quis adiantar seu lado, lixando e emassando tudo quanto é canto.
Dá um certo desânimo, igual ao que me acometeu ontem, quando percebi que os entregadores das camas largaram o papelão que envolvia os móveis no corredor do prédio. Não custava, ao menos, avisarem. Acho que ficaram zangados porque eu não quis lhes dar uma cama velha, pagando, naturalmente, pelo desmonte do móvel - que eles iriam carregar. Fui gentil, agradeci, informando que já tinha alguém que viria pegar a cama.
Obras têm diversas fases. A atual é a do desalento.

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