3.3.14

Oscar 2014

Minha única dúvida quanto ao Oscar 2014 era se caberiam todos os mortos no In Memoriam, aquele momento de homenagem e lágrimas aos astros que partiram. Alain Resnais, sempre implicante, morreu na véspera - e não houve jeito de Hollywood incluir o homem que mexeu com dores, amores, traumas e a cabeça de tantos espectadores no clipezinho sem graça. Pior foi a Divina Miss M cantando aquele pavor depois da exibição do vídeo.
Acompanhei o Oscar mais do que bem acompanhada, pelo Facebook, e em casa, contando, como sempre, com o apoio telefônico de minha arguta amiga Solange Noronha, que abriu outra indagação em nossas memórias recentes. Estava Whoppi Goldberg envergando o mesmo traje que Julia Roberts numa premiação de algum tempinho atrás? Estava, sim. Acredito que não fosse o mesmo tamanho, mas o modelito era o mesmo. E Whoppi, irreverente como sempre, cada vez mais parecida com o irmão gêmeo Milton Nascimento, mostrou a deselegância indiscreta das estrelas de primeira grandeza, levando o prêmio Helena Boham-Carter da noite. Mondrongona, lembrando também aquela música "tava andando na rua, uma nega maluca me apareceu..." (agora serei apedrejada pela expressão "nega maluca", ó patrulhas politicamente corretas...)


Claro que existe gente que se fantasia pro Oscar, buscando a originalidade da gótica Helena, que é divertida como Whoopi e brinca com o mainstream. Só que essas pessoas estão mais para Cher ou para Bjork, que, pelas origens na pop music, aprimoraram de forma inigualável o quesito "chamei de mau gosto o que via, de mau gosto, mau gosto". Elas elevaram a categoria cafona ao patamar da fantasia de quem gostaria de estar na Sapucaí.  Não chegou a haver ninguém que pudesse chegar a disputar o quesito, embora alguns casais forçassem a barra para disputar o troféu Helena. Não conseguiram, pelo artificialismo das composições, algo obtido, gloriosamente, por Whoppi.



O troféu Pitanguy que me perdoe ficou para a Liza, que, ao lado dos irmãos, teve de ouvir Pink (com roupa linda, decotão da Trapaça) assassinar um clássico, enquanto homenageavam O Mágico de Oz. Liza, melena azul combinando com o traje, conseguiu  parecer um pássaro azul e lembrar a Bruxa Má do Oeste.


A categoria Gravidez Não é Desculpa trouxe elegantes gestantes como Kerry Washington




e Olívia Wilde.


A Madame Thor, no entanto, decidiu vestir-se como funkeira em noite de gala.


Anna Kendrick já foi apontada como uma das mais mal vestidas da noite por seu indescritível modelito com aplicações, transparências, fendas. Faltou um babado para dar mais volume à composição.




Enquanto Ellen de Generes garantia o leite das crianças no palco, sua senhora, Portia de Rossi se vestia (?) assim. Indefinível, indescritível, inclassificável. Tudo creminho e esburacadinho.



La Blanchett recebeu o prêmio mais acertado da noite, porque ela realmente interpretou como poucos a desvairada Jasmine, engrossando as fileiras das atrizes premiadas depois que passam pela direção de Woody Allen. Mas o vestido cheio de penduricalhos me lembrou um móbile, um abajour, um lustre. Tudo junto e misturado. 




Sally Hawkins, que fazia a irmã de Jasmine. Pois é.



Sim, eles ainda são o casal mais bonito do mundo, embora o chefe da imensa família comece a ficar de cara mais redonda do que a de alguns dos filhotinhos. O vestido da Jolie me lembrou muito decoração natalina, aquela imitação de neve escorrendo dos galhos das árvores de Natal.


Sempre tem essas saias de cortinado que não combinam com a parte superior do vestido. Sempre.


Uma variação do cortinado com vestido de noiva detonado, mesclado com bolo. Resultado: a roupa da bonitinha Kristen Bell, com seu marido todo amassado. 



Goldie Golden Hawn, detentora do Troféu Dona Mariza Letícia. Mas o corpitcho está um espetáculo. 


Na esteira da mãe, Kate Hudson, preferiu drapear o vestido abaixo da cintura, o que, para mim, sempre lembra a concha do Nascimento de Vênus



Penélope Cruz, de grega rosada. Cada dia com um ar mais de Sophia Loren. Considerada uma das mais mal vestidas da noite. 


No mesmo rosadinho, Camila Alves com figurino de filme de George Lucas. Não causou o mesmo furor indignado que Penélope, mas quem tinha que brilhar na noite era o moço a seu lado. 


Bonito, politizado, roqueiro e com a californiana de baby liss mais desalinhado da noite, Jared Leto não faturou apenas um Oscar, mas também o troféu Ainda Mato Meu Cabeleireiro.



Categoria melhor peruca: Kevin Spacey em noite azul. 


Julia Roberts, de noiva caipira do Drácula, num modelo totalmente inspirado em Helena Boham-Carter. 



Ireland Baldwin, filha de Kim Basinger e Alec Baldwin, mostrando que beleza e charme nem sempre são genéticos, foi apontada, justamente, como uma das mais mal vestidas da noite. 


Momentos antes de posar toda circunspecta para esta foto, Jennifer Lawrence, a estrela sempre cadente, despencou ao saltar do carro. No ano passado, ela se embolou na hora de receber o Oscar. 



Para não correr riscos, foi à festa da Vanity Fair, mais tarde, com uma roupinha absolutamente inadequada para o uso sem seguranças responsáveis ao lado.


O único momento realmente original - e provavelmente muito bem ensaiado - da noite. Que tirou o Twitter do ar. 




3 comentários:

JUNIOR GREGO disse...

Sem duvidas.. Whoppi Goldberg a irma siamesa de Milton Nascimento estava usando o mesmo traje que Julia Roberts em tamanho proporcional . Obviamente dando aquela incrementadinha da ausencia de gosto nem se deu ao trabalho de arregaçar as mangas. Conforme indicado pelo estilista D&G. A ideia era essa mesmo usar o vestido com uma camisa branca por baixo. Sei que Julia foi alertada para o uso do figurino inovador, mas acredito que Whoopi nao tenha dado essa sorte.

JR GREGO

Lu Medeiros disse...

Olguinha, o vestido pós Oscar da JLawrence (que literalmente usou um tomara que caia na festa kkkk) era uma homenagem à Valesca Popozuda. Na foto que você postou, com direito até a sugestão de beijinho no ombro.

Unknown disse...

Olá Olga!
Tive bons momentos de diversão lendo os seus comentários ilustrados.
Abraço,
Susana