A Copacabana que frequentei na maior parte da vida era no Posto 6, onde eu tinha aulas na Cultura Inglesa (três diferentes filiais) e a casa de minha Tia Zélia. Há cerca de vinte anos, meu ponto passou a ser a Cardeal Arcoverde, para onde Tia Zélia se mudou. Vim morar pertinho, mas num canto sem tanto apuro estético. Em compensação, tem muita gente - e eu amo o burburinho.
Amo também o jogo de cintura do comércio ambulante, que aceita cartão. Até o vendedor de amendoim que percorre os bares tem maquininha. A população de rua aumenta diariamente. São homens, na maioria, e idosos. Um deles usa o banheiro de um hotel, com anuência dos empregados. A convivência entre os "diferentes" é intensa. Ouço um grupo de camelôs comentando que os guardinhas passaram mais cedo para avisar que iam fazer choque de ordem à tarde.
"Olha, já trabalhei em Ipanema e em Botafogo, e lá não é assim, não. Aqui, eles são muito mais solidários com a gente", diz um dos camelôs.
Confirmo que atraio enchentes: morei em Ipanema na época das enchentes de 66, saí da Tijuca um mês antes dos temporais de 88. Singrei águas na São Clemente, na Guilhermina Guinle, na Voluntários. Cheguei a ser carregada de cadeirinha nos braços de desconhecidos para entrar no prédio, cuja portaria estava inundada, aplaudida (para meu constrangimento) pelos vizinhos nas janelas. Na segunda semana em Copacabana, caiu uma tempestade que inundou todo entorno do Lar Provisório. Hoje, alagou tudo outra vez, mas escoou rapidamente.
O bairro faz de tudo para que eu me sinta em casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário