25.1.05

This is my world, Mr Anderson!

Sou tatibitati em internet. Apesar de gostar de conforto, estou a cada dia mais tentando me afastar da tecnologia ou do tecnologicratismo em que vivemos atualmente. O que, vamos convir, dificulta minha vida um bocado na hora em que me encanto com a possibilidade de ter um cantinho no universo virtual. Como não tenho secretária eletrônica nem levo celular pra praia ou pra Lagoa, parece que todos os demais instrumentos de comunicação, em solidariedade, me deixam na mão testando minha capacidade de viver sem os grilhões tecnológicos.
Há tempos decidi me render ao que não tenho como controlar. O telefone de casa funciona quando quer. Às vezes, chamo a Telemar, outras vezes um técnico. Aí­, o aparelho trabalha a contento por algum tempo. Depois, começa a ratear - ou é a linha que some, a campainha que não toca. Ninguém consegue falar comigo, eu troco o aparelho - sempre com fio, dos sem fio já desisti no século passado - e as comunicações voltam à normalidade, pero não por muito tempo. Também me conformei jamais contar com campainha na porta. Há 18 anos penduro avisos manuscritos nelas em dia de festa, sempre com os mesmos dizeres: "Favor bater à porta. Campainha não funciona". Teve um tempo em que era só apertar a campainha que a luz da sala de entrada acendia. Os fios estavam todos embaralhados no mesmo condutor. Gastei uma nota, a campainha passou a soar triunfante. Até que um dos meus filhos tocou-a ininterruptamente por alguns minutos. Desde então está muda.
Essas coisas eu aceito sem ousar entender, igual a fenômenos explicados pela Física (tá, todo mundo sabe que Fotografia existe, como ela se processa, mas a captação do momento num pedaço de papel é ou não é intrigante?). Por isso, hoje, curvo-me aos estranhos desígnios dos computadores, como o fato de eu incluir uma foto na página e aparecer outra. Se abro em outra máquina, vem a imagem pretendida e tudo fica como eu queria. Foi assim com uma foto do Vinícius de Moraes. Para mim, no lugar dela aparece um desenho do Jano. Bom, amanhã deve estar o Vinícius lá mesmo. Pra que me angustiar? Afinal, certamente meu combalido Pentium está me avisando o que acontece com quem se atreve a viver sem o apoio das supermáquinas que se preparam para assumir o mundo de Matrix.

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