12.7.05

Embarcadas

Tenho uma amiga encalhada.
O encalhe é real e literal.
Minha amiga não consegue voltar pro Rio de Janeiro, porque o barco da Marinha em que navegava por um rio do Pará abalroou três pequenas embarcações. Até fazer perícia, vir polícia, registrar na delegacia - ou seria no distrito da Polícia Fluvial? - ficou todo mundo preso.
Espero que minha amiga tenha bastante gente para conversar enquanto espera o desfecho do caso, num recanto bem escondido da Floresta Amazônica, um daqueles lugares a que nos referimos como "o Brasil que poucos conhecem".
Tenho outra amiga embolada de paixão.
Uma paixão, como tantas outras, beirando o irreal.
Minha amiga não consegue voltar para a rotina habitual, porque embarcou no turbilhão do romance, daqueles romances que viram tudo de cabeça pra baixo, que exigem o rompimento de compromissos assumidos previamente e a perda do convívio diário com filhos. Até fazer a situação atual ser compreendida, registrar esse amor na sociedade, fica todo mundo preso na mesma teia sufocante. Espero que minha amiga ganhe bastante carinho enquanto espera o desfecho do caso, na sala de espera da alma, um recanto que todos os que já se apaixonaram conhecem muito bem.

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