2.11.05

Finados



Hoje é Dia de Finados e eu iria dar um almoço mexicano. Moro perto do São João Batista, seria perfeito para os mais chegados a um culto aos ossos, entre os quais, naturalmente, não estão meus amigos próximos.
O dia começa pesado. Dormi depois de tomar um bom calmante. Como dizia minha ex-sogra, tecnologia existe para ser usada. Tudo bem que ela é hipocondríaca , ama um remedinho. Uma personalidade fascinante, mulher inteligente, culta, porém maníaca por médicos e doenças.
A festa foi cancelada porque meu novo emprego se acabou abruptamente. Tão abruptamente que não dá nem para me sentir a última das incompetentes. Segundo um colega, minha permanência foi tão breve que não houve tempo para fazer merda. Sem saber que teria um curto momento de glória e felicidade numa função encantadora, cercada de livros por todos os lados e trabalhando a divulgação deles e de autores, acabei gastando algo além do que deveria - caso previsse um futuro incerto próximo, o que deixou todos os meus conhecidos aparvalhados.
Entre minhas imprevidências está a aquisição do mais novo membro de nossa grande família animal: Mel Gibson, uma calopsita amestrada, que me observa escrevendo.
Ontem à noite, pesquisando na Internet, chegamos à conclusão que Mel pode ser Melanie, o que não importa muito, já que é o único pássaro solteiro da casa, atualmente com dois mandarins, dois periquitos, duas rolinhas chinesas e dois agapornes, que estão chocando três novos ovinhos.
Os amigos me cercam de cuidados. Eduardo liga de Nova York. Hugo se preocupa, Artur fica furioso e não sei da reação de Oto. Júlia desconta a fúria limpando a casa. Vanúzia diz que já passamos por coisas piores e corre a jogar na Megasena. Alguns pensam em encosto, outros prometem vingança e detração contra quem me iludiu.
É o calor deste abraço amoroso que me tira da cama.
A vida continua.

4 comentários:

ipaco disse...

Olga, querida, não sei o que aconteceu, mas estamos aí proque der e vier.

maria rezende disse...

Olga, fiquei super triste de ouvir essa história. É muito ruim arriscar e ficar sem chão logo depois, porque já é tão difícil se jogar assim no desconhecido, né? Estou de olhos e ouvidos ligados e te aviso qualquer coisa, tá? Um beijo grande, Maria

Anônimo disse...

Não sei o que está acontecendo. Deixo comentários nos blogs e esses - os comentários - desaparecem. Tenho certeza de que deixei um recado aqui - ou estarei caducando?. Beijo, Olga.

Olga de Mello disse...

Ih, Sonia, os mistérios desses serviços de mensagem são insondáveis...