11.12.05

A vida dos outros

Uma amiga diz que não lê qualquer blog porque não tem curiosidade pela vida alheia. Compreendo, porém, nesta época de falta de tempo pela correria do cotidiano, o blog é uma das maneiras mais práticas de sabermos da vida de quem está longe - mesmo que esta distância seja a dois ou três quilômetros numa metrópole.
Outra amiga participava da conversa e disse que sabia de todas as etapas de minha obra pela leitura do Arenas.
A verdade é que os blogs nos deram o direito de bisbilhotar a vida dos outros. Costumo visitar alguns de gente que não conheço realmente, mas das quais acompanho as aventuras. O mesmo parece que ocorre comigo. Botei aquele marcador geográfico de entradas e vi que tenho leitores nos EUA, América Latina, Brasil (ainda bem, né?), Europa e até na Oceania...
Minha curiosidade só é menor do que a das gatas lá de casa, que vivem bisbilhotando minhas gavetas ou o que chega de novidade em casa. No momento, estão intratáveis, já que não compreendem por que os móveis se acumulam no meio da sala, o que aconteceu com as estantes de livros, desmotadas na sala de música, a varandinha abrigando as gaiolas e o viveiro dos pássaros e o desaparecimento de todos os vasos de plantas da varandona. Não podem entrar no quarto de Hugo nem no de Júlia, que têm livros por todos os cantos. Então, resmungam e ficam nos rondando, desorientadas.
Intrigante como este tipo de acontecimento não importa para a maioria dos meus amigos próximos, nem para meus filhos. Aliás, compreendo o desinteresse dos filhos pelos escritos dos pais. Eu também não gostava de ler o que meu pai escrevia, exceto quando era para jornal. Suas literatices me incomodavam, porque ali parecia estar o homem real (só pra compensar, minha mãe vivia lendo escondido meu diário, até que passei a chave em tudo que tinha, para garantir minha privacidade), um ser desconhecido, não o pai, outra figura. Esse outro homem não me servia. Deve ser difícil para os filhos de artistas encontrarem o pai no meio da produção artística.
Nesta sociedade sem meio de exposição, os blogs me fascinam. Tem gente que se mostra para mim e eu jamais vou conhecê-las, porque custo a ter coragem de me identificar como leitora. É meio como ficar olhando o interior dos apartamentos à beira-mar, minha diversão favorita quando estou passando de ônibus ou de carro. Adoro ver a decoração das casas e imaginar como vivem aquelas pessoas.
Engraçado é que o autobiografia da Danuza Leão encabeça as listas de best sellers. Nos blogs leio detalhes da vida ao vivo.

2 comentários:

Anônimo disse...

oi, amiga! vim aqui te bisbilhotar e, veja só!, descobri que vc entra nos blogues alheios como "anônimo"... e reclamava tanto de mim quando eu fazia isso. rsrsrs. Aliás, que saudades daquele tempo delicioso de escrever sem me identificar no seu blogue e ficar esperando sua reação.
beijos.

Olga de Mello disse...

Ih, bobinha, eu sempre descobria que era vc a anônima, lembra?
E eu só leio os outros blogs, raramente opino. Quando opino, assino.
beijo, me fala do Guga!