9.6.08

As festas galantes


O colonialismo provoca regressão civilizatória. Nossa entrega ao americanismo está nos tornando cada vez mais caretas. Não bastasse a total submissão gastronômica, a comemoração de Halloweens e a incorporação das proms, os bailes de formatura cafonérrimos - deve haver mais uns 500 mil exemplos, mas não consigo recordar; o Natal branco é um deles, certamente -, agora demos um novo significado ao casamento.
Mais do que tornar a festa de casamento um evento exibicionista, nós, que temos até uma legislação que considera válida juridicamente a chamada união de fato, hoje já não consideramos mais o companheiro como cônjuge.
Por anos sem divórcio (e com um divórcio ainda canhestro e restritivo em número de novos casamentos), nos acostumamos a considerar casados os casais que viviam juntos sem um papel firmado por juiz de paz, padre, pastor, rabino ou pai-de-santo. Mudou isso. Agora, as pessoas moram com namorados ou noivos, bem dentro do modelito norte-americano/europeu. O que havia de libertário no casamento sem papel passado perdeu o sentido. Retrocedemos aos anos 40 e 50, quando os casais separados que viviam juntos, quando podiam, viajavam para o Uruguai, onde se casavam, a fim de conferir alguma respeitabilidade à união.
Nada tenho contra o papel passado, já me casei assim uma vez. Também acho muito saudável comemorar um casamento, embora tenha alergia a cerimonial. Atualmente, há recreador até pra festa de casamento, com distribuição de perucas, máscaras e fantasias para integrar os convidados, além de brindes ao fim do espetáculo. Igual a festinhas de crianças em playground.
Uma pena que a invasão cultural seja tão intensa. Perdemos nossa capacidade de diversão espontânea e o vanguardismo que desafiava os grilhões de leis anacrônicas. E nos tornamos um povo anacrônico.

5 comentários:

Anônimo disse...

Deveriam imitar a independência quase adolescente dos americanos. Acho tão bonito filho(a) que sai de casa cedo, para fazer a universidade de forma responsável, trabalhar, construir a própria vida, sem ficar nas costas dos pais, embora com seu total apoio. Hoje temos adultos que brincam de criança e não saem da barra da saia dos pais, muitos nem depois de casados. Que homens formaremos?

Sambrasil Musical disse...

Bem, isso pode ser dentro deste mundão que vocês vivem, porque em muitos desses brasis que existem dentro do Brasil, a coisa pode ser diferente, e chega a ser... Gente que continua a criar as suas próprias alegrias, sem saber nem de que mal o tio Sam está sofrendo.

Olga de Mello disse...

Ah, mas nos EUA isso é fácil, com faculdade paga por papai e mamãe. Eles saem de casa, mas não há independência econômica, não.
Enfim, é um estilo totalmente diferente do nosso. Sempre trabalham em lanchonetes, essas coisas, mas não bancam a própria vida, não. E com a crise econômica chegando lá, vai haver uma demora na saída de casa, Palpi!
Maurício, meu primo, que bom vc estar por aqui também!!!! Vou linká=lo, já!!!!

Olga de Mello disse...

Realmente, Maurício, pode ser que esses costumes ainda não tenham chegado a Florianópolis, mas com o bando de paulista que invadiu a ilha, duvido muito. Afinal, há quanto tempo já virou programa andar em shopping center na Ilha? Isso é vida americana também.

Anônimo disse...

Acho no mínimo esquisito quando alguém me diz que divide apartamento com o namorado ou com o noivo. Por que não diz que é casada(o) logo???
Um casal conhecido meu, de namorados, mora junto há anos e continua nessa de dizer que "dividem apartamento". Por isso, só me refiro a eles como "roommates" ou "companheiros de quarto".