Eduardo Paes vem anunciando seu secretariado com muita gente que, como ele, foi do PSDB. Tem Cláudia Costin, que trabalhou na administração de Alckmin e de FHC, Ruy Cesar, que foi secretário do Cesar Maia, o secretário de Saúde é deputado do PSDB.
Ué, não era para escorraçar o PSDB do Rio de Janeiro?
Mas há novidades! A ex-médica e ex-baterista Jandira Feghalli, do PC do B, assumirá a pasta da Cultura. Projetos fluidos há diversos, como a eterna revitalização da Zona Portuária (ouço isso desde que comecei em jornal, há 27 anos) e a ampliação do Corredor Cultural através da Lapa, local que ressurgiu como ponto de concentração noturna carioca com a instalação do Circo Voador, há cerca de 25 anos. E demorou muito tempo até juntar gente em bares como o Semente, os brechós abrirem suas portas para atrações musicais e aquilo se firmar, entrando, então, o incentivo público - que poderia ser mais eficaz, com isenção de impostos e reurbanização de diversos lugares. Ou vai dizer que foi a Prefeitura que estimulou os restaurantes atrás do CCBB a se manterem abertos à noite?
A Prefeitura, sim, fez a Lagoa abrir-se ao carioca à noite com a instalação dos quiosques, mais acolhedores que os da orla maritma. Onde há comércio, aparece gente que passa a utilizar o espaço público.
A Secretaria de Cultura deveria procurar estimular a imensa clientela da rede pública escolar - a maior do mundo, olha que orgulho por sua grandeza, porém não pela qualidade do ensino medíocre que conheci de perto - a conhecer diferentes expressões culturais com visitas freqüentes a teatros e museus, não aquele passeiozinho único do ano, em que os meninos aprendem que existe um mundo ao qual só terão acesso como serviçais. A Secretaria de Cultura poderia se preocupar mais com a indigência dos teatros de sua rede. A Secretaria de Cultura poderia juntar-se à de Educação para estimular os professores a se tornarem leitores.
A Secretaria de Cultura tem um projeto concreto: rever as Apacs, que engessaram as construções novas no congestionadíssimo espaço da ZSul. Não sou contra a revisão, acho que a diversidade arquitetônica deve existir numa cidade grande, abrindo espaço para a modernidade, sim. No entanto, botar espigão, vendendo apartamentos a preços de castelo na França, não é uma preocupação cultural. Adoro ver Botafogo * com edifícios modernos e calçadas maiores. Particularmente acho que o Catete e o Largo do Machado mereciam uma modificação arquitetônica. Mas é tão estranho que as Apacs só causem revolta no Leblon...
Seria esta uma prioridade da Secretaria da Cultura?
* Um bairro que se valorizou, em parte, pela iniciativa do Grupo Estação, que começou com um cinema feioso, no fundo de uma galeria, mudando o perfil de uma geração de cinemeiros na cidade. Hoje tem seis cinemas que levaram à abertura de bares e uma livraria nas vizinhanças. Cultura não serve apenas à discussão de idéias, mas à geração de mais impostos.
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