25.12.08

Um presente de Natal


Apesar da lufa-lufa da véspera de Natal (supermercado-manicure-compras de última hora- almoço na Titia-telefonemas de votos festivos-ceia nos compadres), a tranqüilidade da festa máxima do comércio encontra minha casa em ampla, total e irrestrita desorganização, com papéis e fitas espalhados por todos os cômodos.
Antes que se inicie a correria de hoje (interurbanos aos amados distantes-almoço na casa de amigos-lanche na casa de outros) e a depressão pós rabanadas, na subida sobre a balança, me entrego à degustação de uma deliciosa novela de Alan Bennett - Uma Real Leitora (An Uncommon Reader), publicada aqui pela Record.
É o mais recente trabalho deste dramaturgo inglês, conhecido no Brasil pelos roteiros dos filmes As Loucuras do Rei George, The History Boys (que passa sempre em TV a cabo) e Prick Up you Ears, um filme sobre o Joe Orton, com Gary Senise e Alfred Molina bem jovens (acho que só vi em vídeo, priscas eras atrás).
A leitora incomum é Elizabeth II, a rainha inglesa, que descobre a paixão pela leitura às vésperas de seus 80 anos. Só que a novidade afeta tudo o que a cerca, já que ela se acostuma a viver acompanhada por livros.
Qualquer viciado em leitura se vê na personagem. E, por ter acabado de experimentar uma situação muito particular, compreendi o quanto ser leitor incomoda a quem não desfruta da mesma graça. Mais interessante: nos faz refletir o quanto a leitura pode ser subversiva. Esta leitura foi o meu presente de Natal, numa manhã quente de um verão que tenta se mostrar.
(A rainha da Inglaterra, agora velhinha, está virando figurinha fácil no imaginário dos artistas ingleses. Começou com A Rainha, de Stephen Frears. A leitora apaixonada, pra mim, não tem a cara de Elizabeth, mas da Helen Mirren, que vai custar a recuperar suas próprias feições, creio. )

9 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, Olga,
como você sabe, também li e gostei muito do livro, tanto assim que o comentei no meu blogue.
De um lado, porque leitores podem começar a fazer perguntas, e isso nem sempre é de "bom tom".
De outra parte, porque os livros dificilmente podem ser substituídos. Daqui a 200 anos ele estará acessível ao manuseio e à leitura, o que não ocorre mais com floppy-disks, betamax, e outros formatos de gravação de textos e de imagens que foram inventados recentemente.
Nada substitui os olhos em sua praticidade.

As Tertulías disse...

Querida, voce é delciosa... quero dizer: escreve deliciosamente!!!!!!!!!!
que maravilha!!!!!!

Olga de Mello disse...

Ricardo, você é um doce.
Boppe, também acho que o manuseio do livro é um dos atos mais independentes e libertários dos quais dispomos. Afinal, a gente consegue se isolar em meio ao tumulto ou ao mais absoluto tédio. Por isso, talvez, a leitura incomode tanto quem não pode usufruí-la.

Jôka P. disse...

Olga, sabe que não leio nada que tenha mais que quatro linhas, não consigo me interessar, me desconcentro, não leio nem mesmo que seja escrito por você. Se fizer posts resumidos bem curtinhos e usando palavras fáceis especialmente pra mim prometo ler até o final. E juro que não vou chamr você de deliciosa.
:P

Jôka P. disse...

Beijos do louro !

:O

Au revoir et à bientôt !

Jôka P. disse...

Tsc Tsc Tsc !!!!

Olga de Mello disse...

Jôka, vc é um privilegiado, que percebe o contexto em poucas palavras. Os outros mortais precisam de muita enrolação. É pra eles que eu escrevo esses textos imeeeeeeensos...
Mas, por favor, continue escrevendo posts deliciosos no Av Copacabana. Que eu vou continuar classificando de deliciosos.
beijo

Kristal disse...

Querida Olga, tive um amante português que gostava de me ver inteiramente nua recitando poemas de Fernando Pessoa.
Beijos kristalinos!

Olga de Mello disse...

Ai, se aqui eu pudesse soltar inconfessáveis segredos, Kristal, vc seria, certamente, minha inspiração.