3.5.09


O post do "recordar é viver" bombou em digressões sobre tempo, idade, volta ao passado.
Como qualquer pessoa, ainto saudades do passado, claro. Do tempo em que o sábado à noite era uma expectativa de mudança de toda a vida, que a escolha de uma profissão seria definitiva para os caminhos do mundo, que a paixão surgia repentinamente e inundava corpo, mente, poros.
A grande sacada da trama de Peggy Sue, para mim, era a cena em que ela chega à escola, na volta ao passado, e, no meio do encantamento com as aulas em que sabe todas as respostas de História, descobre que terá um teste de Matemática ou Física. É muito clara a mensagem: a vida nunca é tão fácil assim, mesmo para um adolescente, que precisa aprender conteúdos absolutamente dispensáveis para a maioria dos mortais, sofrendo para assimilar o incompreensível e inócuo. (Se alguém puder me convencer da necessidade de Geometria Espacial em meu cotidiano...)
Peggy Sue volta ao passado com a cabeça de uma mãe divorciada, cheia de contas a pagar, preocupada com a hipoteca da casa e sem a menor reverência por pais e mestres. É a cabeça de hoje, que cresceu, viveu, mudou. E a saudade do
sabor da descoberta, que não volta, não. Mas pode ser reencontrado, sob outros aspectos, sem tanto deslumbramento, mas sempre encantador.

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