15.11.09

Reciclando


Sou antenadérrima com o desenvolvimento sustentável desde criancinha. Meus pais eram ambientalistas antes disso virar moda: só compravam produtos biodegradáveis, separavam lixo orgânico do reciclável, reaproveitavam tudo o que fosse possível. O que me tornou uma culpada pela própria natureza e alguém extremamente apegada a tudo quanto é tranqueira que entra em minha casa.
Adoro banhos longos e ainda sou capaz de permanecer meia hora sob o chuveiro, culpada por desperdiçar a água do planeta. Já melhorei, fechando torneiras ao ensaboar louças ou escovar dentes. Máquina de lavar cheia sempre foi uma rotina, já que o número de habitantes nesta maloca supera qualquer recomendação ambiental da atualidade. Assim como passar roupa. Sempre lidamos com montanhas de peças semanais.
Esta imensa divagação (quem mandou vocês me enviarem mensagens tão doces sobre meus posts) surgiu a partir de uma visita à Paçoca , que fala em sacolinhas recicláveis nos supermercados. Como mulher do século passado, recordo-me bem das sacolas de trazer compras do mercado ou dos mercadinhos com sacos imensos de grãos nas entradas.
Quando saí da casa dos meus pais, comprei carrinho de feira, uma maravilhosa escada que acaba de completar 23 anos e passou à categoria de porta-plantas (olha a tranqueira que não vai pro lixo), e duas sacolas de compras, de material sintético. Em criança, ia à feira com Maria ou Mamãe, sempre carregando sacolas de pano e o carrinho - que também serviam para trazer garrafas de cerveja do supermercado em dias de festa.
As sacolas de Mamãe sumiram na História. As minhas se transformaram numa única, que aos poucos ganhou companhia de imensas sacas de lona ou material mais resistente, brindes de seminários ou das editoras. Serviam para ir à praia e, eventualmente, até para carregar compras. Elas começaram a frequentar supermercado quando percebi que precisava de um período de adaptação antes que as sacolinhas plásticas fossem banidas por lei. As empacotadoras olham meio com cara feia.
No passado, essas moças conseguiam armazenar 48 produtos em duas precárias sacolas plásticas. Agora que elas estão com os dias contados, botam três artigos em diversas sacolas duplas. Os fabricantes estão desesperados para soltar fora a produção. Deveriam era começar a desenvolver material que fosse absorvido pelo ambiente sem causar danos.
Tudo é adaptação. E eu, mais que levar sacolas duráveis às compras, começo a abandonar meu arraigado hábito de dobrar sacos plásticos em pequenos triângulos. Preciso urgentemente substituir meu TOC por outra compulsão.

Um comentário:

Milena Magalhães disse...

Quando estudei em Paris, foi um dos aprendizados: tão bacana ter seu carrinho de compra, não ter ng para empacotar suas compras e por ai vai. Chegando aqui comecei a praticar isto, mas ainda hj me olham tão estranho. Recuso sempre sacos e dou pequenas liçõezinhas, do tipo: "não, preciso do saco, a natureza agradece". Mas atina hj não sei o que fazer com os sacos do lixo. Acabamos usando sacos!

Um beijo.