26.2.11

Os livros e o cinema - Para ler na Rede

As imagens que saltam das páginas
Sex, 18 de Fevereiro de 2011 23:16


No milênio passado, quando eu era uma adolescente metida a intelectual, aguardando minha mãe comprar entradas para Romeu e Julieta, de Franco Zefirelli, ouvi a conversa animada de três garotas que acabavam de sair do cinema. Enquanto uma suspirava pela beleza do ator que fazia o Romeu, outra enxugava as lágrimas. A terceira, que devia ter a mesma idade que eu, em torno de 13 anos, revelava às amigas, olhos brilhando: “Sabem que saiu o livro?”.

Ver o filme e reler a peça foi minha primeira providência, ao voltar do Bruni Ipanema, naquela tarde. O encantamento com a versão de Zefirelli da mais triste história de amor entre dois adolescentes me levou a experimentar uma leitura diferente, a que compara o texto às imagens, percebendo cada um como obras separadas. “Preferi o livro!” é a conclusão triunfal da maioria dos que vão ao cinema conferir as encenações inspiradas pela literatura. De minha parte, sou bastante tolerante – gosto de imaginá-las independentes.

bravuraindomita-livroE nesses dias pré-entrega do Oscar, não faltam histórias originais que invadem as livrarias, buscando reproduzir o sucesso dos filmes em cartaz. As comparações são inevitáveis. Quem assistir a Bravura Indômita, dos irmãos Coen, observará a fidelidade ao divertido romance de Charles Portis, lançado aqui pela Objetiva (R$ 29,90), incluindo a narrativa em primeira pessoa da saga da jovem que quer vingar o assassinato do pai. Indicado ao prêmio de roteiro adaptado, assinado pelos dois diretores, tem um fortíssimo concorrente na adaptação de Aaron Sorkin para Bilionários por Acaso (Intrínseca, R$ 29,90), de Ben Mezrich. O filme de David Fincher, A Rede Social, resolve com eficiência as situações narradas no livro, que oscila entre o relato jornalístico e a prosa em estilo quase ficcional. Já O Efeito Facebook (Intrínseca, R$39,90), de David Kirkpatrick, traz a história oficial da criação da rede, com depoimentos colhidos entre muitos dos que participaram de sua fundação, entre eles Mark Zuckenberg.

Se o leitor busca veracidade, melhor ater-se aos documentos reunidos em O Discurso do Rei (José Olympio, R$ 29,90) para abordar o relacionamento entre o monarca britânico George VI e Lionel Logue, o terapeuta australiano que o curou da gagueira. Os diários de Logue foram entregues aos produtores do filme por seu neto, Mark Logue, co-autor do livro com o jornalista Peter Conradi. Neste caso, livro e filme são dois produtos completamente diferentes, já que o primeiro se atém ao registro dos fatos, enquanto o segundo segue uma linha dramatúrgica nem sempre fiel à história – incluindo aí a forma íntima de Logue dirigir-se ao aristocrata.

O registro histórico também está em A Última Estação (Record, R$ 49), de Jay Parisi, que chegou às livrarias brasileiras em 2009. Dois anos depois, entra em cartaz o filme de Michael Hoffman, que mostra os conturbados últimos dias de vida de Lev Tolstói. Na tela, o escritor é vivido por brilhantemente por Christopher Plummer, indicado ao Oscar de ator coadjuvante. Interpretando a mulher de Tolstói, Sofia, Helen Mirren é candidata ao Oscar de melhor atriz. Em livro ou em filme, A Última Estação pode ser um bom aperitivo para a degustação de magníficas criações de Tosltói, entre elas Anna Karenina, A Morte de Ivan Ilitch ou Sonata a Kreutzer.

Para encerrar o giro cinematográfico-literário, quase um ano após a premiação do Oscar de Filme Estrangeiro de 2010, sai agora no Brasil O Segredo dos Seus Olhos (Suma das Letras, R$ 29,90), do argentino Eduardo Sacheri. O romance, que entremeia histórias de amor com investigações policiais, traça um contundente panorama de seu país ao longo de diferentes momentos políticos – uma característica da literatura e do cinema argentino contemporâneos de diferentes momentos políticos – uma característica da literatura e do cinema argentino contemporâneos.

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