2.6.14

Cannes, ainda

A vida real afasta a gente da blogagem recreativa, muitas vezes. O grand finale de Cannes passou em brancas nuvens para mim, que tive compromissos sociais essenciais - e maravilhosamente agradáveis - a honrar. Tardia, porém não falha, resta-me apontar os pavores e as belezas finais que vi, daqui, implacável que sou.

Depois de ler muita bobagem MESMO sobre os 25 anos de Pulp Fiction e até entender o desejo de Uma (que plástica, hein?) Thurman homenagear Tarantino com o amarelo ovo como referência a seu traje de Kill Bill (que, por sua vez, é uma releitura de um figurino usado por Bruce Lee num filme de pancadaria asiática qualquer), não dá para deixar passar impune o anseio da atriz de encarnar uma ave. A primeira, sutil, é a de ser um pintinho amarelinho num vestido cravados de detalhes absolutamente desnecessários. A cor, em si, já era suficientemente chamativa. Por que, então, 
1) o drapeado em cruz ?
2) o decotão?
3) a capa que dá a impressão do modelito ser um cruzamento de deusa grega revista pelos Cavaleiros do Zodíaco com o Garibaldo (da Vila Sésamo americana, em que o bicho era amarelo mesmo).




Depois de rir das gracinhas de Quentin, que fez deu alguns passos iguais aos que ela e John Travolta imortalizaram, a deusa fez nova aparição, dessa vez como Miss Aviária em noite branca.  Se na frente ainda era interessante, a repetição do motivo nas costas dava a impressão de que a moça estava se desfolhando, enrugada como um cotovelo. E, claro, as perninhas dos pássaros nos ombros eram o toque essencial pra estranheza estabelecida.





As penas e plumas foram a grande tendência de Cannes este ano. Julianne Moore faturou o prêmio de melhor atriz - como sempre, mais do que merecido - e também não resistiu a se fantasiar de pássaro clarinho. O vestido - Chanel, acreditam? - piora consideravelmente na parte posterior. 




Quem também abiscoitou o prêmio de melhor atuação masculina foi o nada belo, mas fantástico ator, Timothy Spall, que decidiu aderir ao modismo da roupa esquisita, porque já se foi há muito o tempo em que homens ingleses eram famosos pela elegância.  



Outra estonteante beleza no festival, a italiana Monica Belucci aderiu à saia e blusa, modelito que vem ganhando força nos últimos anos...


... que o diga a maravilhosa Juliette Binoche, outra beleza madura, que também vestiu camisa social e uma belíssima saia, muito mais interessante que as duas lindinhas Kristin Stewart e Chloë Grace Moretz, que dividem cena com a diva em Clouds of Sils Maria. Aliás, Grace também abusou das plumas e penachinhos, parecendo uma ave depenada.



 Outra tendência consagrada no ano, a grega, quase levou Jessica Chastain a repetir Marilyn Monroe no Pecado Mora ao Lado.


Paz Vega, coitada, não merecia essa flor negra descomunal em tanto brilho. Conseguiram botar a mulher, miúda, bem menor que a própria roupa.


E no meio de tanta mulher bonita, os fotógrafos se derreteram todos para a simpatia e exuberância da enxutérrima e única, agora que caiu o casal real espanhol, Rainha Sophia! De pertinho, as marcas do tempo se impõem, mas ... 



... quem liga, né? (e, não, o senhor careca ao lado não é o namoradinho de La Loren, mas um de seus filhos. Porque italiana que se preze, antes de tudo, é uma Mama!

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