Ando com um documento cuja foto é dez anos mais velha que meu primogênito, que hoje completa 27 primaveras. A mocinha daqueles tempos só é a mesma em essência e miopia.
Ao telefone, marco a data da renovação da carteira de habilitação em dez minutos. Sou transferida para o setor de identificação civil do Detran ou coisa que o valha, animadíssima para, no mesmo dia, ficar quites com o Grande Irmão, que exige o registro documental de minha passagem pelo planeta.
Logo descubro que não é possível tirar a documentação no mesmo dia. A habilitação é daqui a uma semana, a identidade, só se for nesta semana (?). "A agenda ainda não está aberta, senhora", informa uma atendente com a voz roufenha, tom de autômato ou
Depois de ouvir toda a relação da papelada que portugueses, brasileiros naturalizados, portadores de carteira com validade vencida ou a vencer, menores e maiores de 65 anos devem levar ao Detran, desisto.
Assim que sair a carteira de motorista, deixo de lado minha carteirinha à beira da decomposição. Não mais ouvirei de todos os jovens que precisam conferir numeração o convencional "Nossa... é, a senhora continua muito expressiva/serena/simpática/bonita".
Um "nossa" sincero revela toda a realidade marcada na face que a gentileza do outro tenta amenizar.
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