15.8.05

Mais uma Jane Fonda


Muito antes de Madonna se recriar marketineiramente, na cola de David Bowie, que por algum tempo poderia ser verbete para "vanguarda", havia Jane Fonda, que se reinventava de tempos em tempos, supreendendo os mais diversos públicos. Eu a recordo como "filha do Henry Fonda", "mulher do Roger Vadin", "Barbarella", "Cat Ballou", "Hanói Jane", a inventora do "cabelinho Jane Fonda" (uma mistura com o corte romeuzinho, que depois foi copiado por Renata Sorrah numa novela - seria "Meu Primeiro Amor"? Me ajuda, Solange, porque o Eduardo Memória Graça não era nascido nessa época) e, de repente, a oscarizada pela interpretação em "Klute".
Parecia que a mulher ia sossegar, deitar sobre os louros do talento e continuar politicamente correta.
Bem, ela fez mais alguns bons filmes, foi indicada e premiada novamente, casou-se com um senador esquerdista, e tornou-se a musa do culto ao corpo, com o qual ganhou fortunas. Continuava criando moda. Quando a gente aprendeu a combinar fitness com política social, Ms Fonda deu outra guinada. Casou-se com o tycoon Ted Turner e saiu de cena para ser primeira dama.
Quinze anos longe do cinema - só aparecia em festinhas, como o Globo de Ouro, para acompanhar o sucesso tardio do irmão Peter e as incursões do filho Troy e da sobrinha Bridget em produções menores-, a sessentona volta numa comédia com (ai!) Jennifer Lopes. E faz do filmete um filme. É a megera, a sogra detestável, mas também uma mulher brilhante, com passado glorioso, bonitona, corpo enxuto, apesar do rosto marcado, com o mesmo jeito seguro de atuar. Aliás, ultimamente, as comédias americanas apostam todas as fichas em elencos que dosem rostos e corpos jovens com o talento da geração que já passou dos 60. Até que naquele "Meet the Parents", Ben Stiller segura a onda sem Robert De Niro, La Streisand e o adorável Dustin Hoffman em cena. Na "Sogra", a gente sente falta de Jane Fonda na tela sempre que a trama a exclui. É duro envelhecer e ver a moça bonita conquistando os olhares masculinos. Mas com Jane Fonda ao lado, mesmo as moças bonitas perdem em audiência.
A questão que me intriga: qual Jane Fonda ficará - a militante política, a atriz brilhante, a mulher que entronizou a "geração saúde", a super-heroína das telas ou da vida real? E tem ainda a socialite, a mãezona, a filhona, a irmãzona. Papéis que costumamos desempenhar em nossas rotinazinhas menos glamourosas que as de Ms Fonda.

3 comentários:

Eduardo Graca disse...

Tanto ficara que, esperatalhona que e, ja esta de namorico de novo com o dono da CNN e ja promete voltar as ruas no ano que vem (ela deve ter que ir ao cabelereiro, ao estilista, a manicure, antes) para protestar contra a Guerra no Iraque.

Olga de Mello disse...

Ficará, então, a Jane Fonda madame, né?
Ah, a minha dúvida noveleira, a Rosa, que é uma mulher muito mais almanaqueira que eu, sabia: foi na novela "O Primeiro Amor" mesmo que surgiu o corte romeuzinho/Jane Fonda/Madalena - a personagem de Renata Sorrah, que tinha o samba de Ivan Lins como tema. Arenas Cariocas também é memória de um passado não tão distante assim...

Anônimo disse...

Olguinha, assisti a esse filme ontem, realmente a Jane Fonda dá um show. Também, perto da Jenifer Lopez... Bjs!