22.9.06

No Valor, hoje.


Cinco perfis de empreendedores culturais que fiz estão no Valor de hoje.
O homem dos shows espetaculares
Por Olga de Mello, para o Valor
Seis meses depois de fazer as duas maiores bandas de rock da atualidade - os ingleses Rolling Stones e os irlandeses do U2 - tocarem no Brasil com intervalo de apenas um dia entre as apresentações, Luís Oscar Niemeyer diz que ainda tem a sensação de que os espetáculos, realizados em fevereiro, aconteceram "muito recentemente". Tanto que seu próximo projeto é bem menos ambicioso, embora de grande relevância do ponto de vista educacional - gravar em DVD um concerto pop sinfônico sobre lendas brasileiras, com canções inéditas de 14 artistas, entre eles Milton Nascimento, Toquinho e Roberto Frejat.

"Há muito tempo queria fazer algo sobre a cultura brasileira. Cada um está compondo músicas sobre boitatá, curupira, saci, as figuras lendárias do país." No projeto estão também Lenine, Zé Ramalho, Ana Carolina, Fernanda Abreu, Toni Garrido e Jorge Vercillo, conta Niemeyer, que não revela se já está em negociações para trazer outro superstar internacional ao Brasil.
Há cerca de dois meses, ele jogou uma pá de cal nos sonhos dos fãs de Madonna, ao anunciar que a cantora desistira de incluir o Brasil em sua turnê mundial. Seria a terceira façanha deste ano do veterano empresário, um dos responsáveis por colocar o Brasil no circuito da música internacional em 1985, quando foi o coordenador geral do primeiro Rock'n'Rio, promovido pelo publicitário Roberto Medina.
"Difícil era montar festival naquela época. Atualmente é bem mais fácil. O Rock'n'Rio teve um papel importante, deu credibilidade ao empresariado brasileiro. O setor se desenvolveu muito e hoje é reconhecido internacionalmente", diz Niemeyer, que também produziu o Hollywood Rock, o show da Anistia Internacional em 1988 e trouxe artistas importantes ao Brasil, como Bob Dylan, Nirvana, Red Hot Chilli Peppers, Eric Clapton e Paul McCartney, que, em 1990, levou 184 mil pessoas ao Maracanã, o maior público pagante de um show musical até hoje. O ex-Beatle voltaria novamente ao Brasil para tocar em São Paulo e Curitiba, também por iniciativa de Niemeyer, que, em 1993, assumiu a presidência da gravadora BMG, de onde saiu 12 anos depois. Retornou aos espetáculos ao trazer o DJ Moby para quatro apresentações no Brasil, no ano passado.
Apesar do fascínio que o U2 exerce onde quer que se apresente, o show dos Rolling Stones, na noite de 18 de fevereiro, atraiu muito mais atenção que as apresentações dos irlandeses, talvez porque era gratuito. Mais de 1 milhão de pessoas estiveram na praia de Copacabana, acompanhando o show por telões instalados em 16 torres de som ao longo de 600 metros. Foi montado um esquema semelhante ao do réveillon, com equipes médicas e policiais percorrendo a praia.
"O maior trabalho era acertar o esquema da vinda dos artistas e conseguir patrocínio para arcar com os custos. O Rio de Janeiro já estava totalmente preparado para esse tipo de espetáculo. Meses antes o Lenny Kravitz havia se apresentado ali mesmo para 400 mil pessoas. Quem vai a esses shows quer se divertir", considera Niemeyer, que aposta na longevidade dos megashows: "A apresentação ao vivo não acaba porque desperta sensações únicas nos artistas e no público, além de ser um termômetro do mercado".

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