24.7.09

Rindo à Toa

Algumas cineastas francesas vêm mostrando a infância e a adolescência femininas com um olhar delicado, sem concessões ao politicamente incorreto que caracteriza as comédias americanas contemporâneas.
O primeiro exemplo veio no maravilhoso A Culpa é do Fidel, de Julie Gavras; o segundo, em Stella, uma doçura assinada por Sylvie Verheide. O terceiro, chega agora, em Rindo à Toa, de Liza Azuelos, que enfoca a hora em que acordamos e aqueles seres adoráveis com quem dividimos o teto tornaram-se irritantes e mal-humorados. Para onde foram aquelas pessoas?
As respostas, mães e filhas em todo o planeta estão à procura.
Essas indagações pulam da tela para uma platéia específica: a dos adultos que lutaram pela liberação sexual e independência e a de seus adolescentes, que, como os pais, são armadores pela própria natureza. Esses pais atordoados com a própria caretice são representados por Sophie Marceau (ela, que surgiu fazendo o papel de pré-adolescente descobrindo o mundo, em La Boum, na década de 70), espantada por não acreditar que sua filhinha tem os mesmos ímpetos que ela, na juventude.
O novo momento das relações de família, em que pais temem invadir a privacidade dos filhos, que não entendem por osmose quais são seus próprios limites, está no filme, que começa desigual, mas vai pegando ritmo à medida em que os dois grupos mostrados são identificados pela platéia. Uma comédia destinada a públicos determinados, mas que consegue abranger dois universos paralelos - o dos adultos e o dos jovens que estão saindo da asa da mãe -, mediados pela complacência dos velhos - que assistem a tudo de camarote, com a irresponsabilidade típica dos avós.
(Ah, sim, nossos filhos não bebem, não fumam, não fazem sexo. Têm o mesmo comportamento de vestais que o nosso, na idade deles. Iguais a nossos pais.)

Um comentário:

Milena Magalhães disse...

Ops... já acrescentei na minha lista! Olga, vc é uma mulher de tantos interesses, como isto é bonito!

Um beijo.