26.11.11

O ninho se esvazia


O filho de Woody Allen e Mia Farrow, Ronan, alça voo solo, aos 23 anos, como assessor de Hillary Clinton. Não fala com o pai há 18 anos, desde o casamento de Allen com a enteada Soon-Yi.
Continuo admirando o Woody Allen cineasta, maravilhoso autor que deu a Mia Farrow a chance de estrelar diversas de suas obras, entre eles a protagonista de Simplesmente Alice - uma dondoca que abandona o luxo novaiorquino para dedicar-se a obras sociais no Terceiro Mundo. A atriz deixou a carreira de lado depois da separação de Allen, faz filmecos aqui e ali - alguns ainda muito interessantes, como Rebobine, por favor, de Michael Gondry, mas, aparentemente, preferiu continuar adotando crianças e se dedicar a elas.
O Woody Allen que casou-se com a enteada, no entanto, me incomoda. É muito estranho imaginar quantos homens se envolvem com jovens, sem qualquer freio ao desejo. No entanto, isso acontece - e nem sempre traz felicidade. Há ligações forçadas que não acabam em casamento, como o de Soon-Yi e Woody Allen. Há meninas estupradas por homens que não consideram desrespeito a violação de corpos jovens.
Uma qualidade não pode ser negada à Mia Farrow. Ela jamais acusou a filha de seduzir o marido, ao contrário. Ficou na história como uma amalucada, indignada com a traição. Já ele, com sua genialidade, "limpou" o passado.
Como Allen, muitos artistas tiveram vidas com passagens escandalosas. Lord Byron, Shelley, Rimbaud, Verlaine. Deles ficaram obras para a humanidade, não os exemplos pessoais.
Ronan Farrow sobreviveu a traumas e escândalos, talvez incitado pela boa genética - a força da mãe e a inteligência do pai. Vai demorar, no entanto, para ele mostrar seu valor sem que se lembrem do ninho de onde saiu.
Isso tudo me veio, lendo a história de Ronan, porque minha filha caçula chegou à maioridade.
Todos os quatro estão alçando voos, que podem me agradar ou não - e alguns não me agradam em nada.
Todos os quatro estão inciando a trilha de seus caminhos.
Saudáveis, trôpegos, desatinados, obstinados, ultrapassando pelas próprias pernas, os percalços do caminho.
Como é bom acompanhar a saída do ninho ao mesmo tempo em que a vida apresenta tantas novas etapas a serem galgadas!

Um comentário:

Anne Hauf disse...

É bom ver os filhos alçando voos, mas é muito triste também. Que saudade da bangunça e correria que me enlouqueciam...