14.7.12

Diário do mezzo caos - dias 11, 12 ...

Perdi a conta. Acho que a obra começou na outra terça-feira. Hoje é o segundo sábado. Então estamos no 13º dia... Ou foi na terça....
Enfim, já tem é tempo.
Meu armário parece cenário de um programa deprimente de um canal a cabo, Os Acumuladores. Aqueles obsessivos-compulsivos que vão guardando um monte de tranqueira. Cada parte da casa em que a obra é concluída precisa receber o que fica guardado nos outros cômodos, que entrarão na faca, digo, na reforma. E, no afã de dar algum sentido lógico à bagunça, o jeito é enfiar tudo nos armários. Lógico que não cabe.
Acho que agora eu odeio obras.
Os artistas que cobram 1000 reais para pintar um quarto - e fizeram pela metade um daqui de casa - encerraram sua participação. Ficou razoável. As dependências de empregada estão fraquinhas. Júlia vai encarar os pinceis para pintar uma de suas paredes de salmão. Ainda faltam banheiros, corredor e dois quartos. Não me animei a encar a pintar a sala.
Estou de férias assalariadas após sete anos na informalidade/autonomia. E vou passar aqui, comandando a obra? Acho que vou interromper o furdunço esta semana e só retomar em agosto, quando voltar à labuta. Obra em etapas. Uma ideia...
Já temos interfone funcionando. E luz no quarto do Hugo, onde o Poltergeist sempre se manifesta, estourou, desta vez, toda a fiação do ventilador de teto.  O quarto permaneceu às escuras algum tempo, na tentativa de acalmarmos o espírito inquieto que vive por lá. Besteirol à parte, este edifício tem 72 anos e a fiação do apartamento era de pano, quando chegamos aqui, duas décadas atrás. Sempre que se tocava a campainha da porta acendia-se a luz da primeira sala (são duas, uma é um vestíbulo robusto, onde estão piano e muitos livros; tentei batizar de Sala de Música, mas o pernosticismo nunca pegou - virou sala do piano, ou, mais popularmente, "lá no piano"). E sempre acendia vagarosamente, evoluindo da penumbra para o brilho. A razão? A mesma fiação abastecia os dois pontos de energia elétrica. Outro fenômeno era que, ao bater a porta do quarto dos meninos (e aqui tem muita corrente de ar, é um bate-porta infernal), acendia-se a luz do corredor. Isso porque cada tremelique das portas reverberava na fiação.
Aos poucos fomos isolando os fios, mas, vez por outra, o espírito inquieto tenta nos assombrar. Acho que é meio Vadinho, da Dona Flor, meio Zé Pelintra, mas mais jovem, mais serelepe. Na Casa do Califa, livro que relata a reforma de um casarão em Casablanca por uma família inglesa de raízes asiáticas, a obra só vai pra frente depois que exorcizam o prédio todo... Será?
Os terceiros pintores contratados estão atrasados. Acho que terei alforria neste sábado...






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