6.11.12

Direto do Canteiro 2 - O condomínio

Parece título de filme de terror, mas é apenas o início das obras no meu edifício setentão (72 anos, para ser mais precisa), que agora passa por intervenções urgentes, reestruturando reboco desgastado pelo tempo. Começou a retirada dos cacos de parede e, imediatamente, meu organismo, que se assanha a cada revoada de poeira, manifestou-se.

A asma me acompanha há tanto tempo que nem dou mais bola pra respirar mal e viver arfando, cansadíssima. Ontem, toda ruim, acabei numa clínica de alergias, onde constatou-se que estou cheia de porcarias nas vias respiratórias e que tenho de tomar um bocado de remédios. Comecei à noite, com o primeiro das bombas e... amanheci toda congestionada, com gripe!

Como doente crônica e alérgica a diferentes tipos de medicamento, sou partidária da cura pela paciência. Meu filho Hugo percebeu que lá em casa só vamos ao médico depois de três dias de febre ou qualquer sintoma que persista depois do uso de Paracetamol, pomada Minâncora, Luftal, antialérgicos ou sal de frutas. É sério. Uma vez, um dos meninos tinha como dever de casa listar os remédios que tínhamos em casa. Para fazer "volume", incluímos o Puran que Mamãe tomava para a tireóide.

Mas os médicos não acreditam que meu organismo fique bom sozinho e insistem em me receitar quatro diferentes remédios, como a médica que consultei ontem. Ora, ela, igual a todos os imunologistas, acredita que a gente 


1º ) está doidinha pra ser cobaia de novos medicamentos;
2º) tem uma fortuna para gastar em medicamentos que não têm patente quebrada;
3º) dispõe de criados para a assepsia de sua residência ou pode deixar a casa permanentemente imunda, já que um alérgico não deve: varrer, tirar pó, lavar, arrumar, tocar em poeira;
4º) jogará na rua todos os livros, as plantas e os animais domésticos que provocam alergias.
5º) viverá em ambiente limpíssimo, com móveis que jamais acumularão qualquer resíduo, com uma estética de filme de ficção científica das antigas (os atuais são todos sombrios e cheios de imundice).

E, at last, but not least, vai tomar miraculosas vacinas que acabarão com a asma pro resto de nossas vidas.

Então, em nome dos outros seres que necessitam sobreviver da melhor maneira possível, informo que:
1º) não sou cobaia;
2º) não tomo remédios caros por falta de recursos para tal (R$ 105 pratas somente UM deles!!!)
3º) meus filhos são a última geração que conheceu empregada doméstica - agora temos faxineira quinzenal, então...
4º) não viverei sem meus livros, minhas plantas e não há quem queira meus gatos;
5º) moro em Botafogo. A fuligem cobre qualquer milímetro do ar e das paredes de casa.

E, finalmente, não tomo vacina miraculosa.

Ou seja, a luta continua, companheiros! 

Um comentário:

maria rezende disse...

Olga, depoimento pessoal: eu tomei vacina miraculosa e me livrei de uma rinite que me punha de cama por dois a três dias a cada mês, sem condição de trabalhar tal a fúria dos espirros. a parte ruim é que eu tenho convicção de que eles, os tais espirros, serviam como uma espécie de abdominal involuntária, e agora sou obrigada a ir malhar se quiser garantir uma barriga tanquinho no futuro... falando sério, meu médico é um senhorzinho de 800 anos com tufos brancos saindo das orelhas, e a vacina dele, oral, gotinhas matutinas, em dois anos me livrou dessa tormenta. não sei se vale pra asma, mas enfim, se meu depoimento te comover me escreve que te passo o contato!
beijo, maria