2.3.20

O Balneário parece um universo paralelo desses filmes futuristas, quase um episódio de Black Mirror. A quantidade de idosos nas ruas me assusta porque não cresci aqui. Quando frequentava Copacabana, era menina, e andava nos cinemas e no Posto 6, sem viver o cotidiano do bairro, exceto para comprar sapatos na Polar ou na Santa Fé.
Daí o choque em trilhar calçadas repletas de idosos. A lotação também assusta. Como tem gente em Copacabana!!! A Província merece o apelido. Apesar das escolas em profusão e as hordas de crianças e adolescentes, não tem um quinto do movimento de Copacabana.
Até os turistas são diferentes. Há poucos mochileiros na multidão de famílias falando espanhol com sotaque latino-americano, casais com filhos de 8 a 10 anos.
Hoje, finalmente, enfrentei o Mundial. Nunca fiz compras tão alvoroçada!!! O risco de ter o calcanhar atingido pelos carrinhos de outros clientes, a imensa maioria acima dos 78 anos, é grande. Nada de discutir com os velhinhos, nem com ninguém. Ainda sou haole neste marzão, não vou me meter a besta.
As alegrias do bairro: há lojas com todos os modelos horrorosos de sandálias apropriadas para quem não pretende ficar elegante, mas caminhar com muito conforto!!! Não sou ainda oficialmente velha, mas adoro. Afinal, nessas observações desse planeta dos idosos que é o Balneário, e
u me encontro a caminho da aventura da velhice. Sinto-me cabotina, só observando o jeito do grupo mais numeroso nesta população diferente do que até hoje conheci.
E de tanto olhar e criticar, mais que velhusca, sou uma Velhaca de Copacabana.
A imagem pode conter: Olga de Mello, close-up

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